pelo braço, Nathan levou-a pelo corredor, passando por diante da receção. Emma não podia concentrar-se em mais nada além do calor da sua mão. Evidentemente, ir ali tinha sido um erro.
Por fim, chegaram a um enorme escritório e Nathan soltou-a para sentar-se em frente à secretária. Havia mais quadros nas paredes de artistas que ela não conhecia e mais meia dúzia apoiados numa mesa, como se não tivesse havido tempo para os pendurar. Sentia curiosidade, mas mais ainda pelo dono desses quadros.
Nathan estava em frente à janela, com as mãos nas costas, admirando a panorâmica da cidade de Houston. Os seus ombros largos eram impressionantes sob um fato cinzento-escuro quase a combinar com os seus olhos e a luz do sol fazia reflexos claros no seu cabelo castanho.
– A que devo o prazer da tua visita?
– Vim buscar os meus brincos.
– Estão na minha casa, não aqui. Mas podemos ir buscá-los.
Estar sozinha com ele na sua casa só levaria a uma coisa.
– Não faz falta – disse Emma. – Porque não mos trazes amanhã? Posso vir buscá-los.
– Que tal se jantarmos juntos esta noite?
Jantar com ele era, evidentemente, um prelúdio à sedução.
– Que tal se tomamos o pequeno-almoço amanhã?
Pela primeira vez desde que entrou no escritório, Nathan virou-se para olhar para ela.
– Mas se começamos por jantar juntos esta noite, tomar o pequeno-almoço juntos amanhã seria inevitável.
– Já tenho planos para jantar – disse Emma, tentando não se deixar fascinar pelo seu atraente rosto. – Que tal se nos vemos amanhã às dez, depois da minha aula de ioga? No café Carlhey’s.
– Da última vez que combinámos tomar o pequeno-almoço deixaste-me pendurado.
Emma duvidava que alguma vez o tivessem deixado pendurado. Cody tinha-lhe contado suficientes histórias sobre o seu amigo, o Don Juan, para saber que saía com muitas mulheres e que ele decidia quanto durava a relação, não ao contrário.
Sabia isso três semanas atrás, quando se foi embora da festa de passagem de ano, e não pensava esperar que Nathan se cansasse dela como se cansava das outras.
– Lamento. Tive de voltar para Houston com urgência.
– E porque é que não me ligaste para avisar?
– Porque sei que tu não aceitas um não como resposta – respondeu ela.
– Mas isso não parece evitar que tu me digas que não.
Emma teve de apertar os lábios para não lhe dizer a verdade, que depois de fazerem amor no seu apartamento se tinha sentido consumida pelo irracional desejo de ver onde a levava uma relação com ele. Estava quase a retribuir as chamadas quando a intromissão do seu pai a tinha salvado de cometer um erro.
– Até há três semanas não me tinhas dado a oportunidade de o fazer – disse. E lamentou logo tê-lo feito.
– Não sabia que estivesses interessada – murmurou Nathan, dando um passo na sua direção.
– Não estou – replicou Emma, dando um passo atrás.
– Não?
O seu pulso acelerou-se quando chocou contra a parede e afastou o cabelo da cara num gesto de frustração.
– Olha, o que se passou na noite da festa do Grant foi muito agradável…
– Agradável?
– Fechei desse modo um capítulo da minha vida.
Nathan pôs uma mão na parede, sobre a sua cabeça.
– Que capítulo?
– Queria saber… como seria estar contigo – confessou Emma. – Agora já sei…
– Vamos ver se eu entendo: sentias curiosidade por saber como seria o sexo comigo e agora que já sabes já não te interessa? – interrompeu-a Nathan.
– Não, bem…
– O problema é que eu continuo interessado.
O brilho dos seus olhos era tão tentador que Emma, sem pensar, alçou uma mão para pô-la sobre o casaco…
Mas nesse momento uma morena entrou no escritório.
– Espero que estejas livre para almoçar, Nathan.
Emma afastou a mão e ele deu um passo atrás, esticando a gravata.
– O que fazes aqui, Gabrielle?
– Passei a manhã toda a sonhar com o creme de caranguejo do Rolando’s – a morena colocou a sua mala sobre a secretária e tirou um espelho, como se estivessem sozinhos no escritório.
Emma engoliu em seco. Tinha sido uma tola ao pensar, nem que fosse só durante um segundo, que ela era a única mulher em quem Nathan estava interessado.
Ele olhou para Gabrielle e depois para ela, como se as estivesse a comparar. A quem escolheria? A rapariga tensa e pálida com um simples vestido bege ou a elegante morena com saia travada, top de gola halter e sandálias de Manolo Blahnik?
– Estás-me a ouvir, Nathan? – Gabrielle virou-se e só então viu Emma. – Ah, desculpa. Tu és a nova ajudante? Ainda bem que finalmente deste ouvidos ao Sebastian. Diz-lhe que reserve mesa no Rolando’s.
– Gabrielle, apresento-te Emma Montgomery. E não é a minha nova ajudante, é a filha de Silas Montgomery, da companhia petrolífera Montgomery.
– Ah, sim? – a morena cravou nela os seus olhos azuis. – O meu pai é o presidente da empresa Parker.
O que era aquilo, uma batalha entre herdeiras? Além do mais, Nathan tinha-a apresentado como se fosse a filha de um sócio em vez de… quê? A sua amante, a sua namorada? O que era ela?
Emma fez um esforço para sorrir.
– Muito prazer em conhecer-te, Gabrielle – disse, olhando para Nathan enquanto abria a porta do escritório. – No café Carlhey’s às dez. Leva os meus brincos, por favor.
Com a sensação de que algo acabava de correr muito mal, Nathan foi ao corredor, ao ver Emma praticamente a correr para o elevador, teve de conter o desejo de ir atrás dela. Irritado, voltou a entrar no seu escritório para encontrar Gabrielle sentada, mostrando as suas fabulosas pernas.
– Vamos comer ou não? Estou morta de fome.
– Vai ver se o Max está livre.
– Não quero almoçar com o Max, quero almoçar contigo.
E isso significava que tinham discutido outra vez. Gabrielle e Max tinham uma relação que Nathan não entendia. Havia muitas mulheres em Houston, porque é que o seu meio-irmão aguentava as contínuas exigências e o mau génio de Gabrielle?
Só queria almoçar com ele porque achava que isso ia incomodar o Max, mas não era verdade.
– Não tenho tempo, lamento.
Chateado, Nathan sentou-se à secretária e levantou o telefone para dissimular.
– Max, a Gabrielle quer almoçar contigo.
Ela levantou-se de um salto.
– Disse que não…
– Ótimo – Nathan desligou o telefone. – Vem cá.
Esperava que fosse a última vez que Gabrielle o incomodava no escritório porque não estava nada interessado.
Na manhã seguinte, no escritório de Sebastian houve uma discussão muito acesa.
– Vi os números de Smythe e a mim parece-me um acordo muito sólido