Vais desidratar se não beberes água.
Emma apoiou a cara nos joelhos.
– Não acredito que possa reter alguma coisa no estômago.
Suspeitava que Nathan não se iria embora até lhe demonstrar que estava bem de modo que, fazendo um esforço, levantou-se. Antes de dar um passo, Nathan inclinou-se para a agarrar e teve de apoiar-se nos seus ombros para não perder o equilíbrio.
A curta viagem até ao quarto lembrou-lhe da quantidade de vezes que tinha desejado ter dormido na sua casa. Tê-la-ia levado assim para a cama?
Nathan deixou-a no chão, mas agarrou-a pela cintura enquanto afastava o lençol.
– Estou há um mês a tentar meter-te na cama – disse-lhe, o sério empresário a transformar-se num sedutor. – Mas não era isto que tinha em mente.
Emma dissimulou um sorriso.
Nathan Case era lindíssimo, sexy e demasiado atrevido.
– Não estou em condições de fazer jogos de sedução contigo, aviso.
Nathan deixou de sorrir.
– Precisas de alguma coisa?
Emma olhou para ele e o seu estômago deu-lhe um sinal que não tinha nada a ver com o vírus estomacal.
– Não, isto já passa.
Tinha de lhe agradecer por cuidar dela, mas tinha entrado na sua casa sem avisar e tinha-a encontrado numa situação humilhante. Não, não lhe apetecia sentir-se agradecida.
– Vou dormir um bocado.
Emma fechou os olhos e esperou que entendesse a indireta. Ouviu-o sair do quarto, mas depois voltou para deixar algo sobre a mesa de cabeceira e quando olhou viu que era um copo de água.
Depois, por fim, ouviu-o fechar a porta. E apesar de todos os seus músculos protestarem, saltou da cama e atravessou a sala para trancar a porta.
Tremiam-lhe as pernas do esforço enquanto voltava para o quarto e teve de agarrar-se à porta antes de se meter na cama, tapando a cabeça com a colcha até que, por fim, o sono venceu-a.
Quando acordou à tarde, o vírus parecia ter desaparecido. Sentia-se fraca, mas levantou-se da cama e, apesar de se sentir um pouco zonza, o seu estômago não protestou. Aliviada, dirigiu-se à cozinha. Um chá e uma bolacha era o que mais lhe apetecia nesse momento. Mas quando entrou na cozinha, teve de pestanejar várias vezes.
Nathan.
Tinha trocado o fato por umas calças de ganga e uma t-shirt que realçava a largura dos seus ombros. Emma afastou o cabelo da cara, nervosa. Estava com umas calças de pijama e uma camisola velha, mas quando a olhou, no seu rosto não viu deceção, pelo contrário.
Os seus mamilos endureceram sob a camisola, mas quando cruzou os braços sobre o peito era demasiado tarde. O sorriso de Nathan deixava claro que tinha visto a involuntária reação do seu corpo.
Porque não desaprovava o seu aspeto por uma vez? Assim teria razões para se zangar com ele.
– Vejo que te levantaste – disse, mexendo algo numa caçarola. – Estás melhor?
– Não te tinhas ido embora?
– Saí para comprar comida. Pensei que terias fome quando acordasses.
– Mas eu fechei a porta…
– Eu levei as chaves.
– Mas… que lata!
Emma voltou ao seu quarto para se pentear um pouco e vestir um roupão. Depois de lavar os dentes voltou à cozinha e sentou-se num banco, olhando para ele com a sobrancelha franzida.
– Pareces que estás como em tua casa – recriminou-o. – Mas não me lembro de te ter convidado para jantar.
– Esta manhã não estavas em condições de me convidares para o que quer que fosse – o sorriso de Nathan aumentava a temperatura da divisão. – Mas eu tenho um dom para antecipar os desejos das mulheres – acrescentou, oferecendo-lhe uma chávena. – É de cidreira, bom para o estômago.
Perguntando-se como sabia isso, Emma tomou um gole.
– De certeza que estás a antecipar os meus desejos? Não serão os teus?
– Asseguro-te que só estou a pensar em ti.
Emma franziu o sobrolho, cética.
– Que estás a fazer?
– Canja com arroz, uma receita da minha mãe.
– Queres dizer que cortaste a galinha, fizeste a sopa…?
– É a única maneira. Queres provar?
– Claro que sim.
Enquanto Nathan servia a canja nas tigelas e tirava duas fatias de pão torrado de um saco, o estômago de Emma rugiu, impaciente. Quando provou a canja ficou surpreendida ao notar o sabor a coentros e a cebola…
– Está muito saborosa.
– Não tens enjoos?
– Não, já não. Ainda bem.
Nathan terminou a sua sopa e deixou a tigela no lava-loiça.
– Vais-me dizer o que é que aconteceu na tua casa de banho?
– Tinha uma infiltração na banheira.
– Para arranjar uma infiltração não é necessário destruir a casa de banho toda, Emma.
– O canalizador encontrou mofo e pedi-lhe que arrancasse tudo para ver como estava o interior das paredes.
– E há quanto tempo está assim?
– Há umas semanas.
– E não pensas arranjá-lo?
Emma franziu o sobrolho.
– Estamos no Natal e toda a gente está muito ocupada até finais de janeiro.
– O mofo é perigoso. Não podes ficar aqui.
– Estou aqui há um ano e não me aconteceu nada. Acho que posso sobreviver outro mês.
Além do mais, não tinha outro sítio para onde ir.
– Porque é que não foste para um hotel?
– Não tenho dinheiro para um hotel.
– Não tens dinheiro? – repetiu Nathan, incrédulo.
Emma deixou escapar um longo suspiro. Era hora de explicar-lhe o que se estava a passar.
– Há dez meses que não posso mexer no meu fideicomisso. O meu pai deu-me cem mil dólares para o ano inteiro.
– Porquê cem mil dólares?
– Foi o que eu gastei em sapatos no ano passado.
– Cem mil dólares em sapatos?
Ela fez uma careta.
– A questão é que temos um acordo: se voltar a depositar na minha conta os cem mil dólares no dia de São Valentim, o meu pai não voltará a meter-se na minha vida e não terei de casar-me contigo.
– E quanto é que tens de depositar?
– Trinta e cinco mil dólares.
O sorriso de Nathan fez com que ficasse em fúria. Porque é que lhe tinha contado? Seguramente Cody teria contado histórias sobre o dinheiro que ela gastava, mas ela já não era a rapariga frívola que tinha sido meses antes. Tinha aprendido a poupar dinheiro e a fazer orçamentos. Passava muitas horas a desenhar e a fazer joias e tinha descoberto a melhor maneira de as vender.
– A propósito, preciso dos meus brincos.
– Pensas vendê-los?
–