Maureen Child

Apenas negócios? - O segredo de alex


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Vai buscá-las. Eu acho que a exposição de Baton Rouge é o melhor que podes fazer.

      – Mas poderei conseguir dinheiro suficiente? – Emma mandou uma mala ao chão e começou a pôr vestidos nos cabides. – O meu pai diz que não tenho garra para triunfar sozinha e talvez tenha razão.

      – Não tem razão – disse Addison. – Eu sei que podes fazê-lo e, no fundo, tu também.

      Teria? Emma não tinha tanta certeza. Ser independente e manter-se sem ajuda de ninguém não era fácil e a dimensão da tarefa que tinha pela frente assustava-a.

      – Além do mais – continuou Addison, – não queres ver a cara do teu pai quando tiver de devolver-te o fideicomisso? Isso não teria preço.

      O entusiasmo da sua amiga animou um pouco Emma.

      – Que faria eu sem ti?

      – Felizmente, nunca terás que averiguar. Vá, veste um Prada e vamos jantar.

      Uma hora depois, Emma entrava na joalharia Biella’s e, brincando com os seus brincos de ouro, olhava à sua volta. A exclusiva joalharia no centro de Houston tinha sido dividida em duas zonas: diamantes e pedras preciosas ocupavam uma ala do estabelecimento enquanto os colares, pulseiras e relógios de ouro ocupavam a outra. Os grandes espelhos com molduras de ouro refletiam a luz dos lustres e os pés de Emma afundavam-se nos tapetes fofos enquanto passeava de um lado para o outro.

      Pouco tinha mudado desde o tempo em tinha trabalhado ali como aprendiz há cinco anos atrás. O ambiente continuava a ser luxuoso, elegante e exclusivo. A joalharia devia o seu êxito tanto à mercadoria que vendia como à experiência extraordinária que era comprar ali.

      Uma sorridente empregada ruiva aproximou-se nesse momento. Devia ser nova porque não a conhecia.

      – São lindos, não são? – disse a jovem, apontando uns colares. – São de uma artista local. Quer ver algo especial?

      Pensando que já tinha visto cada peça de muito perto, Emma sorriu, agradecendo o seu entusiasmo.

      – Gostaria de falar com Thomas McMann.

      McMann era o gerente de Biella’s e seu antigo chefe. Tinha sido ele a sugerir que colocasse as suas joias na loja apesar de ser um risco para a joalharia, considerando o preço que tinha atribuído a cada peça, a qualidade do design e, sobretudo, que ela ainda não tinha um nome conhecido,.

      – Vou buscá-lo.

      – Obrigada.

      Enquanto a jovem desaparecia por uma porta, Emma contou as peças que faltavam na montra para ver quantas se tinham vendido. E ao ver que faltavam três anéis deixou escapar um suspiro de alívio. Isso significava outros três mil dólares no banco.

      Mas tinha de conseguir trinta e cinco mil. Era muito dinheiro para conseguir em cinco semanas e mentiria se dissesse que não a assustava a situação, mas se fracassasse, não poderia demonstrar ao seu pai e a Nathan que era uma mulher independente, capaz de ganhar a vida por sua conta e, obviamente, capaz de decidir com quem se queria casar.

      Uma pena que não soubesse nada dos planos do seu pai cinco meses antes porque talvez então não estivesse naquela situação. Quando Silas Montgomery decidiu impedi-la de tocar no seu fideicomisso, Emma demorou dois meses a gastar uma quarta parte do dinheiro e outros trinta dias antes de entender a realidade da sua situação.

      Ela desfrutava a desenhar e a criar joias, mas nunca lhe teria passado pela cabeça que pudesse ser uma carreira a sério. Tinha sido Addison a sugerir que poderia ganhar dinheiro suficiente se criasse peças únicas e espetaculares.

      Infelizmente, tinha tido de gastar grande parte do dinheiro a comprar o equipamento e os materiais necessários e tinham passado outros trinta dias antes de poder produzir suficientes peças para mostrá-las ao gerente de Biella’s. Mas no final o seu trabalho tinha dado resultado e quando vendeu a primeira peça sentiu-se emocionada.

      – Olá, Emma – cumprimentou-a Thomas, com a sua peculiar voz anasalada. Alto e magro como uma personagem de desenhos animados, Thomas McMann tinha umas pestanas tão compridas como uma modelo. – Viste que vendemos mais três peças? – perguntou-lhe logo, oferecendo-lhe um envelope.

      – Sim, vi – Emma sorriu, contendo o desejo de rasgar o envelope para olhar para o cheque.

      – Espero que tenhas trazido mais peças.

      – Na realidade, eu esperava levar as que vocês têm aqui. Convidaram-me para participar numa exposição na Florida e vocês têm todo o meu catálogo.

      – Isso vai ser um problema – disse Thomas. – As tuas joias estão a começar a vender-se e, de acordo com o contrato, ainda temos dois meses.

      Com isso queria dizer que não estava disposto a perder quarenta por cento da sua comissão, pensou Emma, mordendo os lábios.

      – Devolvo-te tudo o que não se vender na exposição e desenharei novas peças – sugeriu.

      Recuperar os colares, pulseiras e anéis de diamantes e outras pedras preciosas era crucial para o seu plano.

      – Podes levar tudo o que não se tiver vendido dentro de dois meses – insistiu Thomas. Era a sua determinação que o mantinha ainda como gerente da joalharia mais exclusiva de Houston e também a razão pela qual ela se tinha ido embora dali.

      Com o coração encolhido, Emma deixou escapar um suspiro. Ia ter que engendrar um plano B se queria escapar da armadilha que o seu pai lhe tinha preparado.

      Quando saiu de Biella’s, decidiu passar pelo escritório da Investimentos Case para recuperar os seus brincos. Se queria conseguir o dinheiro de que necessitava, teria de desfazer-se de algumas das suas peças favoritas e esses brincos faziam parte dessa coleção.

      Enquanto subia no elevador, passou uma mão pelo seu simples vestido bege. Estava mais do que nervosa, teve de reconhecer. O estado da sua economia preocupava-a tanto que não tinha voltado a pensar no facto de o ter deixado pendurado no dia de Ano Novo. Mas o que podia fazer quando tinha estado a ponto de render-se outra vez na passagem de ano?

      Pensar nele, lembrar-se das coisas que lhe tinha dito… Nathan sabia como fazê-la perder a cabeça e não estava disposta a repetir a cena.

      Emma entrou nos escritórios da Investimentos Case muito decidida, mas os quadros que estavam pendurados no vestíbulo distraíram-na da sua missão. Aproximou-se a um deles, surpreendida por reconhecer a obra de Julian Onderdonk, um dos pintores texanos mais reconhecidos do século xx.

      Sempre tinha sido um dos seus favoritos porque sabia capturar a subtil beleza do sul do Texas. Ela mesma tinha incentivado o seu pai a comprar três dos seus quadros, que Silas tinha pendurado no escritório. Costumava dizer que, apesar de ao princípio não ter gostado demasiado, tinha aprendido a reconhecer a sua beleza com o tempo.

      – Em que posso ajudá-la? – perguntou-lhe a rececionista.

      – Um momento, por favor – murmurou Emma, olhando para o seguinte quadro.

      Era um Adrian Brewer pintado a finais do século xx, um campo de campainhas azuis que parecia perder-se no interminável horizonte do Texas. Alguém naquele escritório tinha bom olho para a arte, pensou. Quem seria?

      – Tem hora marcada? – insistiu a jovem da receção.

      – Creio que veio para me ver – respondeu uma voz masculina.

      Nathan acabava de aparecer no vestíbulo e Emma sentiu arrepios nas costas.

      Que fácil seria apoiar-se nele, e deixar que os seus beijos a fizessem esquecer tudo o resto.

      Mas não o ia fazer.

      – Sempre pensei que Julian Onderdonk era o mestre das campainhas azuis – disse por fim, surpreendida ao notar que sua voz soava firme. – Mas depois de ver a interpretação de Brewer, talvez tenha mudado de opinião.

      – Eu não sei nada sobre isso