os seus encantos. Ao mover-se, os mamilos estavam quase a saltar-lhe. O saiote da camisa de noite era suave e caía acariciando-lhe as pernas. Dava-lhe um ar sedutor e fazia-a parecer menos inocente e mais descarada.
Sorriu para o seu reflexo e afastou-se do espelho. Depois, deu umas voltas como se estivesse a dançar com um par invisível.
Fechou os olhos e deu mais uma volta. Com a mão, bateu em algo duro e sentiu dor nos nós dos dedos, o que a arrancou da sua fantasia.
O computador portátil de Devon, que estava por cima da lareira, caíra ao chão juntamente com a carteira, as chaves e o conteúdo dos bolsos dele.
Agachou-se, amaldiçoando a sua falta de jeito. Parecia que só tinha saído a bateria, mas como ter a certeza? E se o tinha estragado? Talvez tivesse documentos importantes no computador. Se fosse como o pai e o irmão, passava toda a vida metido naquela maldita coisa. Estava decidida a averiguar se tinha estragado o computador.
Pôs a bateria no seu lugar, verificou se havia mais danos e premiu o botão de início, rezando para que funcionasse. Após uns segundos, o ecrã permaneceu escuro e soltou outro queixume.
Frustrada, premiu várias teclas, desejando que algo voltasse à vida. O problema foi que, assim que começou a carregar nas teclas, o monitor piscou e uma sucessão de janelas começaram a abrir. Pelo menos, o maldito aparelho funcionava.
Mordeu o lábio e começou a fechar programas. Havia muitas folhas de cálculo e gráficos. De repente, receou que nada daquilo estivesse a ser guardado e que estivessem a perder-se valiosas informações.
Ao minimizar um documento, viu o seu nome escrito e isso chamou-lhe a atenção. Os seus dedos ficaram quietos sobre o teclado e começou a ler. Era um e-mail do seu pai e sorriu ao ver que se referia a ela como a sua menina. Mas o que leu a seguir fez com que ficasse gelada.
Tive tempo de considerar as tuas reservas sobre Ashley e talvez tenhas razão em estares preocupado. Não quero que penses que não tenho em conta a tua intuição, mas quero que compreendas que, acima de tudo, quero protegê-la. Não é necessário que tome conhecimento do nosso acordo, embora compreenda que não te sintas confortável com essa decisão. É a minha única filha e amo-a muito. A verdade é que prefiro que não fique a saber que o vosso casamento é uma condição para a fusão. És bem-vindo a esta família e confio em que sempre agirás em benefício dos seus interesses, motivo pelo qual te suplico que mantenhas em segredo o nosso acordo.
Aturdida, Ashley ficou a olhar para o ecrã, certa de que não tinha compreendido bem. Estava a tirar conclusões precipitadas, algo de que a mãe sempre a acusava. Repreendeu-se e procurou manter a calma, apesar de a pulsação lhe bater acelerada e conseguir senti-la no pescoço e nas têmporas.
Voltou a olhar para o correio eletrónico, procurando que a sua visão turvada focasse as palavras.
– Ashley?
Levantou a cabeça e surpreendeu-se ao ver Devon.
– Caiu, da lareira. Tinha medo de tê-lo partido. A bateria saiu. Quando consegui metê-la, todos estes programas se abriram e estava a tentar fechá-los.
Ele agachou-se para apanhar o computador, mas ela agarrou-se ao aparelho.
– Devolve-mo, Devon. Quero saber o que diz.
Ele fechou-o sem mais e colocou-o sob o braço.
– Não há nada que tenhas que ver.
– Não me mintas. Li quase tudo, ou pelo menos o mais importante. Quero saber o que raio significa.
Devon ficou a olhar com os lábios franzidos. Ashley não estava disposta a recuar.
– Não sairá nada de bom disto. Esquece, está bem?
– Queres que esqueça uma mensagem em que o meu pai basicamente admite que me comprou um esposo? Esta é a minha noite de núpcias, Devon. Tenho que fingir não ter visto esse e-mail?
Devon praguejou e passou a mão pelo cabelo.
– Maldição, Ashley, por que raio tiveste que abrir o computador?
– Não pretendia fazê-lo. Acredita em mim, daria qualquer coisa para não o ter feito. Mas fi-lo e agora quero saber o que se está a passar. Que tipo de acordo fizeste com o meu pai? Conta-me a verdade ou juro-te que me vou embora daqui agora mesmo.
– Esse é o motivo por que por vezes és o teu pior inimigo, Ashley. És demasiado impulsiva. Não pensas antes de agires. Tens de aprender a controlar-te.
Ashley ficou a olhar para ele, boquiaberta, como se as suas palavras a tivessem ferido. Então a má da fita era ela? Que raio tinha feito ela? Aquilo não era culpa sua. Não tinha chegado àquele casamento com falsas expectativas. Devon conhecia os seus sentimentos. Tinha-lhos dito muitas vezes.
Devon voltou-se, atravessou o quarto e deixou o computador em cima da cómoda antes de fechá-lo. Depois, ficou ali uns intermináveis segundos, em silêncio, sem olhar para ela. A tensão foi em crescendo. Ashley sentiu medo. Sabia que estava quase a ficar a saber algo terrível sobre a sua vida, o seu destino e o seu casamento.
– Devon? – sussurrou.
Pensou na sua relação. De repente, caiu-se-lhe a venda dos olhos e começou a analisar cada encontro que tinham tido, cada palavra que ele tinha dito. Quanto daquilo seria mentira? Não queria perguntar. Não estava certa de conseguir suportar a resposta, mas não tinha outra opção.
Devon voltou-se. Tinha os olhos semicerrados. A sua expressão era de indiferença, como se não quisesse continuar aquela discussão.
De repente, as circunstâncias do seu casamento deixaram de importar-lhe. Só havia uma coisa que Ashley desejava saber, o mais importante. Era a única coisa que podia afetar o seu futuro e perceber se tinha um futuro com ele.
– Responde-me apenas a uma pergunta – disse com um fio de voz. – Amas-me?
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