Brenda Jackson

O beijo da inocência - Calor intenso


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Este acordo é demasiado importante para todos nós, não apenas para mim – continuou ao ver que Cameron permanecia calado. – Teria preferido não ter que me casar, mas Ashley é boa rapariga. Será uma boa esposa e uma boa mãe. Toda a gente conseguirá o que quer. Ryan, Rafe, tu e eu, além de Ashley e do seu pai. Toda a gente ficará feliz.

      – Como quiseres. Já sabes que te apoio. Mas lembra-te disto: não é preciso casares para que isto funcione. Podemos encontrar outra empresa. Já tivemos contratempos antes. Ninguém quer que te tornes num mártir pela causa.

      – Estou bem, Cameron. Não há amor na minha vida, nem nenhuma outra mulher em cena. Não há ninguém com quem quisesse casar-me. Ficarei bem com Ashley, para de te preocupares.

      Cameron olhou para o relógio.

      – A tua noiva está a olhar para aqui. Acho que chegou o momento.

      Devon olhou para onde Ashley estava, rodeada de amigos e familiares. Era incapaz de saber quem era quem, já que eram muitos. Ela sorriu e acenou-lhe antes de lhe dizer para se aproximar.

      Devon deu o seu copo de vinho a Cameron e atravessou vários grupos até chegar junto de Ashley.

      Estava radiante naquela noite. Luzia um sorriso cativante.

      Assim que se aproximou, ela pegou-lhe na mão e integrou-o no círculo. Sorriu a cada mulher, mas os seus nomes e rostos misturaram-se. Após uns minutos, inclinou-se para o ouvido de Ashley.

      – Chegou o momento, não te parece?

      Ela estremeceu de emoção. Os seus olhos iluminaram-se e apertou-lhe a mão enquanto lhe sorria.

      – Desculpem, minhas senhoras – disse, levando Ashley para onde estava Cameron.

      Não havia ninguém perto de Cameron. Provocava aquele efeito nas pessoas. Era o lugar perfeito para pedir atenção e anunciar o compromisso.

      – Olá, Cameron – disse Ashley assim que chegaram junto ao amigo dele.

      Soltou a mão de Devon e lançou os braços em redor do pescoço de Cameron, que sorriu e abanou a cabeça, tentado livrar-se do seu abraço.

      – Olá, Ashley – disse, antes de lhe dar um beijo no rosto. – Fica ao meu lado enquanto Devon se expõe ao ridículo.

      Devon olhou para Cameron antes de pegar na mão de Ashley e pôr-se ao seu lado.

      – Estás a brincar? – perguntou Devon. – Queres que parta o copo de vinho para chamar a atenção?

      Cameron encolheu os ombros, levou o dedo aos lábios e assobiou.

      – Oiçam-me todos, prestem atenção. Devon tem algo para nos anunciar.

      – Obrigado, Cameron – disse Devon.

      Depois voltou-se para os amigos e familiares de Ashley. Ficaram todos a olhar, expectantes. Tossiu e procurou falar claramente e não meter a pata na poça.

      – Ashley e eu convidámos-vos esta noite para celebrarmos uma ocasião muito especial – disse, olhando para ela e apertando-lhe a mão. – Ashley tornou-me o homem mais feliz do mundo ao aceitar casar-se comigo.

      Os assistentes romperam em gritos e aplausos. À direita, os pais de Ashley sorriam junto ao seu filho mais novo. William fez uma inclinação de cabeça para Devon e a mãe de Ashley secou os olhos enquanto sorria para a filha.

      – Queremos que assistam ao casamento que se celebrará dentro de quatro semanas.

      Devon ergueu o copo e voltou-se para Ashley, cujo rosto mostrava um sorriso arrebatador.

      – À Ashley, que fez de mim o homem mais feliz do mundo.

      Todos levantaram os copos e brindaram a Devon e Ashley.

      – Ena, que discurso eloquente – murmurou Cameron ao ouvido de Devon. – Qualquer pessoa diria que falavas a sério.

      Devon ignorou Cameron e abraçou Ashley pela cintura, enquanto começavam a receber as primeiras felicitações. A sua cabeça dava voltas enquanto via cada rosto.

      Surpreendeu-o que todos os membros da família de Ashley pensassem que era incapaz de cuidar de si própria sozinha. Nada o levava a pensar que assim fosse.

      Sim, era inconstante, demasiado confiante e bastante inocente. Talvez numa família de tubarões empresariais, ela parecesse estranha.

      Mas isso não queria dizer que fosse incapaz de cuidar de si própria. Isso só significava que precisava que alguém velasse pelos seus interesses e a protegesse de si mesma. Alguém como ele.

      Ashley acariciou-lhe o braço e, pondo-se em pontas de pés, inclinou-se para a frente. Ele baixou a cabeça, apercebendo-se de que queria dizer-lhe algo.

      – Podemos ir-nos já – sussurrou. – Sei que a minha família pode ser um pouco chata.

      Devon quase que começou a rir às gargalhadas. Ali estava ele, pensando que precisava da sua proteção e ela estava preocupada, procurando protegê-lo da sua açambarcante família.

      – Estou bem. Quero que te divirtas. Esta é a tua noite.

      Franziu o sobrolho e ficou a olhar para ela.

      – E a tua não?

      – Claro. Refiro-me a estares rodeada pela tua família e amigos e quero que desfrutes disto tudo.

      Ela sorriu, beijou-o na face e permaneceu ao seu lado enquanto continuavam a receber os parabéns.

      – Ashley! Ashley!

      Devon voltou-se e viu uma mulher a abrir caminho entre os convidados. Observou-a e apercebeu-se que se parecia com Ashley. Seria, certamente, uma das suas inúmeras primas.

      – Brooke! – gritou Ashley.

      Olharam-se, sorridentes, e deram as mãos.

      – Será que já adivinhaste? – disse Brooke sem fôlego. Estou grávida! Eu e Paul vamos ter um bebé!

      As expressões de alegria de Ashley podiam ouvir-se por toda a sala. Devon voltou-se e deu-se conta que toda a gente estava a olhar.

      – Oh, meu Deus, Brooke. Fico tão contente! De quanto tempo estás?

      – De apenas dez semanas. Queria ter-te contado assim que soube, mas tens estado demasiado ocupada com Devon. Além disso, quando fiquei a saber que se iam casar não quis incomodar…

      – Pelo menos, devias ter-me mandado uma mensagem para o telemóvel – disse Ashley. – Oh, Brooke, fico tão feliz por ti. Imagino que também ficarei muito contente quando estiver grávida. Espero que os nossos filhos se deem bem e possam brincam juntos.

      Ashley falava cada vez mais alto e as suas maneiras exageradas chamavam a atenção dos demais que a olhavam, sorridentes. Estava animada e falava muito depressa, gesticulando tanto que quase bateu num empregado que passava. A rápida reação de Devon e Cameron impediu que a bandeja de bebidas acabasse no chão. Ashley continuou, alheia ao caos que podia ter causado.

      Depois, abraçou impulsivamente Brooke pela terceira vez. Depois, fez o mesmo com Paul antes de abraçar Brooke mais uma vez, a quem não tinha soltado as mãos um só momento.

      Cameron riu e abanou a cabeça.

      – Tens muito trabalho à espera, Devon. Para seguires o ritmo dela vais ter que deixar de ser tão snobe.

      – Não tens outro lugar para estar e outra pessoa que não eu para torturares? – murmurou Devon.

      Cameron olhou uma vez mais para Ashley e Devon reconheceu afeto no olhar do seu amigo.

      – É linda – disse Cameron, deixando de lado o seu copo de vinho.

      – Linda? – repetiu Cameron, agitando-se, incómodo.

      – É agradável, sim? Parece sincera e não podes pedir mais.

      Devon