Brenda Jackson

O beijo da inocência - Calor intenso


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Aqui Carter.

      Ashley não pareceu aperceber-se do seu tom sério e da ausência de saudação.

      – Oh, olá, Devon. Está-te a correr bem o dia?

      – Muito bem. Ouve, precisas de alguma coisa? Estou a meio de uma reunião.

      – Oh, não é nada importante – disse ela. – Só estava a ligar-te para dizer-te que te amo.

      Formou-se-lhe um nó incómodo no estômago. Que devia responder àquilo? Tossiu.

      – Ashley, mudaste o som de toque do meu telemóvel?

      – Ah, sim, assim saberás quando for eu a ligar. Que giro, não?

      Devon fechou os olhos. Aquele som estridente ia torná-lo o bobo da corte do escritório, já para não dizer que Cameron não pararia de gozar com ele durante uma boa temporada.

      – Sim, muito giro. Ouve, vemo-nos esta noite. Continua de pé o nosso jantar às nove, certo?

      – Sim, claro. Estarei no refúgio até às oito, portanto encontramo-nos no restaurante.

      – Tens como chegar?

      – Apanho um táxi.

      – Mando alguém buscar-te. Fica no refúgio até que chegue. Vou dizer para te apanharem às oito.

      Ela suspirou, mas não discutiu.

      – Tem um bom dia, Devon. Estou desejosa de que chegue esta noite.

      – Obrigado, eu também.

      Ficou a olhar para o telefone durante longos segundos e depois premiu vários botões. Como se mudava o toque das chamadas?

      Para sua desgraça, ligava-lhe continuamente. Não sabia como, mas arranjava sempre maneira de interromper uma reunião ou quando estava acompanhado.

      Após algumas vezes, começou a silenciar o telefone ou a pô-lo em modo de vibração, mas num par de ocasiões tinha-se esquecido e o som interrompera-lhe as reuniões.

      Às duas semanas, tinha começado a divertir-se. Alguns olhavam-no com simpatia, algumas mulheres até com ternura. Mas Cameron não parava de gozar com ele.

      Ashley ligava quando lhe apetecia, pelo que, para sua desgraça, nunca sabia quando tal ocorreria. Às vezes queria pedir-lhe conselho sobre algum detalhe do casamento, como as flores. Como opinar se nem sequer sabia distinguir uma tulipa de uma gardénia? Também lhe tinha perguntado pelos convites.

      Rafael e Ryan não tinham passado por aquilo para organizarem os seus casamentos. Ambos tinham escolhido celebrações singelas. Devon estava a sofrer. O casamento estava a ser organizado por todo o clã Copeland. Estava a prestes a atirar-se ao rio Hudson.

      – Devon?

      Devon assomou a cabeça pela porta da casa de banho, antes de voltar à cama secando o cabelo com uma toalha. Ashley estava deitada de bruços, agitando os pés no ar, com o queixo apoiado na mão. Estava de sobrolho franzido, o que indicava que estava a pensar em algo.

      – Que se passa? – disse, sentando-se à beira da cama.

      – Onde vamos viver? – perguntou ela, virando-se um pouco para olhar para ele. – Refiro-me a depois de nos casarmos. Não falámos disso.

      – Pensava que viveríamos aqui.

      Ashley franziu os lábios e enrugou a testa.

      – Ah.

      – Não gostas deste apartamento? É maior que o teu, por isso pensei que estaríamos mais à vontade aqui.

      Ashley ergueu-se e sentou-se ao seu lado, com as pernas cruzadas.

      – Gosto. É um apartamento estupendo, embora demasiado masculino. É como um apartamento de solteiro. Não parece adequado para ter meninos ou animais de estimação.

      – Animais? Não tenho a certeza quanto a animais…

      Ashley franziu ainda mais o sobrolho, o que pareceu angustiante a Devon. Ashley não costumava fazer birra, o que era bom por ser muito difícil resistir-lhe quando não estava contente. Talvez fosse por estar sempre contente.

      – Sempre desejei uma casa no campo, um lugar onde crianças e animais pudessem correr e brincar. A cidade não é um bom lugar para formar uma família.

      – Muita gente forma uma família aqui. Tu cresceste aqui.

      – Não vivi aqui sempre. Só nos mudámos para a cidade quando fiz dez anos. Antes vivíamos numa quinta, ou pelo menos era uma quinta até o meu pai a comprar.

      – É algo sobre o qual podemos conversar quando chegar o momento – disse Devon. – Neste momento, o meu objetivo é tornar-te minha esposa, passar uma semana sem interrupções contigo na nossa lua de mel e que te mudes definitivamente para o meu apartamento.

      – Gosto quando dizes coisas como essa – disse Ashley, beijando-o no rosto.

      Ele arqueou uma sobrancelha enquanto ela se afastava.

      – Que coisas?

      – Que mal podes esperar para estarmos juntos – disse, abraçando-o pela cintura.

      Mais uma vez, Devon sentiu uma estranha sensação no peito.

      – Já não falta muito – disse, numa tentativa para animá-la. – Podemos sempre voltar a falar sobre onde viveremos lá mais para a frente. Neste momento, quero que nos concentremos em ficar juntos – acrescentou, acariciando-lhe o cabelo.

      Ela abraçou-o com força e voltou a soltar-se como tinha feito antes para encará-lo e olhar os seus intensos olhos azuis.

      – Podemos falar de outra coisa?

      – Claro.

      – Quando dizes que nos concentremos em estar juntos, queres dizer que preferes esperar para ter uma família? Já falámos de filhos. Acho que deixei claro que quero ficar grávida já, mas não sei a tua opinião.

      Na sua cabeça, formou-se a imagem de Ashley grávida, com um radiante e bonito sorriso nos lábios. Ficou surpreendido por a imagem lhe parecer tão gratificante e ficou perplexo.

      Em algum momento, tinha deixado de pensar no casamento com Ashley como uma obrigação. Resignara-se ao inevitável e a verdade era que podia ter sido muito pior. Era inteligente, boa pessoa, doce, afetuosa e terna. Seria uma mãe estupenda, muito melhor do que fora a sua. Mas seria ele um bom pai?

      – Devon?

      Baixou os olhos e deparou-se com o olhar preocupado dela. Instintivamente, tentou afastar-lhe aquela preocupação e beijou-a na testa.

      – Estava a pensar.

      – É demasiado cedo para ter esta conversa. Desculpa. O meu pai diz-me sempre que me precipito demasiado. Não consigo evitá-lo. Quando quero algo, faço o possível para consegui-lo.

      Não pôde evitar sorrir. Era uma descrição muito acertada dela. Desfrutava da vida e não parecia preocupar-se se dava um mau passo. As pessoas como ela eram um mistério para ele. Era incapaz de compreendê-las.

      Puxou-a até fazê-la sentar-se no seu colo.

      – Acho que vais ser uma mãe magnífica. Estava a imaginar-te grávida e gostei. Isso fez-me lembrar que não temos usado proteção, o que é uma irresponsabilidade. O que faz com que me pergunte se, no fundo, quereria inconscientemente deixar-te grávida.

      Ela suspirou e aninhou-se no seu peito.

      – Esperava que dissesses isso. Refiro-me quanto a termos filhos. Em parte, acho que será melhor esperarmos, mas sempre desejei ter uma família numerosa e não quero ser uma velha quando terminarem a escola.

      – Tens consciência de que não temos feito nada para evitar uma gravidez – disse ele baixinho.

      – Importas-te? – perguntou