Michelle Conder

A bela cativa


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ar de preocupação.

      Jag respirou fundo. Só o seu círculo mais próximo sabia que Milena desaparecera, portanto, tinham mobilizado um grupo de soldados de elite para que encontrassem Chad James e a princesa, exigindo-lhe que mantivesse a máxima discrição. Jag nem sequer avisara o irmão do desaparecimento de Milena e não tencionava fazê-lo até poder contar-lhe dados concretos. Também não avisara o príncipe de Toran, com quem Milena devia casar-se dentro de um mês.

      A última coisa de que precisava era de um escândalo dessa magnitude a uma semana de celebrar um dos acontecimentos internacionais mais importantes da história de Santara. Durante quatro dias, líderes de todo o mundo reunir-se-iam em Santara para tratar de diversos assuntos relacionados com o meio ambiente, com a saúde mundial e com o défice bancário e comercial. Seria o acontecimento mais importante desde o renascimento de Santara e a sua equipa trabalhara sem parar para se certificar de que se celebrava sem nenhum problema.

      – Conta-me! – ordenou Jag, ao ver que o assistente empalidecera e se mostrava hesitante.

      – Acabaram de me informar que a irmã mais velha do Chad James aterrou em Santara há uma hora.

      Jag franziu o sobrolho.

      – A irmã a quem enviou uma mensagem de correio eletrónico no dia anterior a ter desaparecido?

      – Acho que sim. Enviaram-lhe um relatório sobre ela para o correio eletrónico.

      Jag sentou-se à frente do computador e tocou no rato para ativar o ecrã. Rapidamente, encontrou a mensagem e abriu o arquivo anexo.

      «Nome: Regan James

      Idade: Vinte e cinco anos»

      A altura, o peso, o número da segurança social… Estava tudo ali.

      Tinha os olhos e o cabelo castanhos e trabalhava como professora numa escola de renome. Segundo o relatório, vivia sozinha em Brooklyn e era voluntária numa instituição para crianças órfãs. Não tinha animais de estimação nem antecedentes penais. Os pais tinham falecido.

      Um dado que Jag já sabia pelo relatório que tinham feito sobre o irmão. Ela também tinha uma página de Internet de fotografia. Jaeger leu a página seguinte. Nela, aparecia a fotografia de Regan James. Era uma fotografia de meio corpo e fora tirada numa praia. Tinha o cabelo apanhado num rabo de cavalo e tinha a mão levantada para ajeitar as madeixas que ficavam à frente do seu rosto ovalado, por causa da brisa. Mostrava um sorriso amplo e tinha uma máquina fotográfica pendurada ao pescoço. Era a fotografia de uma mulher bela que parecia incapaz de matar uma mosca. E o seu cabelo não era castanho. Pelo menos, não na fotografia. Era avermelhado. Os seus olhos também não eram castanhos, eram… Eram… Jag franziu o sobrolho e decidiu não pensar nisso. Eram castanhos, tal como o relatório dizia.

      – Onde está agora?

      – Reservou um quarto no Santara International. É tudo o que sabemos.

      Jag olhou para a fotografia do ecrã. O irmão daquela mulher levara a irmã dele para algum lugar e ele tencionava mexer Céu e Terra para encontrá-los e fazer com que Milena regressasse a casa.

      Só esperava que Chad James tivesse um bom exército para se defender quando lhe pusesse as mãos em cima.

      – Continuem! – ordenou Jag. – Quero saber onde vai, com quem fala, o que come e quando vai à casa de banho. Se comprar um pacote de pastilha elásticas, quero sabê-lo. Está claro?

      – Como a água, majestade.

      Assim que entrou no shisha bar, Regan soube que devia virar-se e ir-se embora. Passara todo o dia a percorrer a cidade de Aran à procura de informação sobre Chad, mas a única coisa que descobrira fora que o calor existia, o calor do deserto.

      Apesar disso, sabia que se teria apaixonado pela cidade antiga e murada se tivesse ido lá por outro motivo senão para descobrir o que acontecera ao irmão. Infelizmente, quanto mais o procurava na cidade, mais aumentava a sua preocupação com ele. E era por isso que não podia seguir o seu instinto e sair do bar pequeno que Chad costumava frequentar.

      O local estava decorado com mesas e cadeiras de madeira que, normalmente, se enchiam com homens a jogar às cartas ou a fumar. E, às vezes, ambas as coisas. Ouvia-se música árabe e o ambiente estava perfumado com um certo cheiro a fruta. Ajeitou o lenço que pusera para cobrir a cabeça e os ombros, em deferência aos clientes locais, e dirigiu-se para o balcão de madeira junto do qual se encontravam vários bancos vermelhos.

      A verdade era que aquele lugar era quase o seu último recurso. Durante todo o dia, encontrara diversos obstáculos: Ou a sua própria sensação de incapacidade ao tentar percorrer as ruas arrevesadas de Aran ou a atitude fria e distante das pessoas locais que não tinha nada a ver com a aparência próxima e amigável que se mostrava na publicidade do país. Sobretudo, a julgar pela atitude do senhorio de Chad, que olhara para ela com desdém antes de a informar que não tencionava abrir o apartamento de Chad sem a sua permissão. Regan acabara de sair da GeoTech Industries, onde ninguém conseguira responder às suas perguntas, e não estava de humor para receber outra negativa. Sem hesitar, ameaçou denunciar aquele homem e, quando lhe disse que ia chamar a polícia, indicou-lhe que não se incomodasse e que ela própria iria à esquadra.

      Infelizmente, o agente disse-lhe que Chad não estava desaparecido há tempo suficiente para abrir uma investigação e que devia regressar no dia seguinte. Em Santara, tudo funcionava muito mais devagar do que ela estava habituada. Recordava que essa era uma das coisas de que Chad gostava mais no país, mas era difícil apreciá-la quando estava desesperada.

      Cansada por causa do jet lag e da preocupação, Regan quase começou a chorar à frente do agente. Então, recordou que Chad mencionara o shisha bar, portanto, tomou um duche rápido e dirigiu-se para lá depois de perguntar a um empregado do hotel como chegar. Normalmente, quando saía em Nova Iorque, ia com Penny. E, naquele momento, desejava que ela a tivesse acompanhado, pois não se sentia muito confortável a entrar sozinha num bar desconhecido. Sentia-se como se todos estivessem a olhar para ela, como passara todo o dia a sentir.

      O mais certo era que estivesse a exagerar a causa do receio que sentia por pensar que podia ter acontecido algo terrível ao irmão. Há uma semana, recebera uma mensagem de correio eletrónico a avisá-la de que não devia tentar contactá-lo durante alguns dias porque não estaria localizável.

      Para um homem que tinha sempre o telemóvel com ele e que, com frequência, brincava com o facto de ser o seu melhor amigo, aquele dado era suficiente para que ela ficasse alerta. Sem dúvida, uma reação à consequência de quando tivera de se encarregar dele quando tinha apenas catorze anos. Mesmo assim, teria conseguido não se preocupar se Penny, a amiga e colega de trabalho, não lhe tivesse contado histórias terríveis a respeito de viajantes e trabalhadores estrangeiros que desapareciam para sempre em países longínquos.

      Durante dois dias, Regan tentara contactar Chad, mas, como não o localizara, Penny convencera-a a ir procurá-lo.

      – Vai lá e certifica-te de que está tudo bem – insistira Penny. – Só quando o fizeres é que conseguirás cuidar bem das crianças aqui. Além disso, desde que te conheço, nunca tiveste umas férias decentes. Se correr tudo bem, terás uma boa aventura, se correr tudo mal… – Deixou a frase por acabar. – Tem cuidado – acrescentou depois, deixando Regan um pouco inquieta.

      Enquanto olhava em redor do bar como se soubesse muito bem o que estava a fazer, a figura de um homem que estava sentado no canto oposto chamou a sua atenção. Vestia-se de preto com um kufiyya na cabeça. As costas largas pareciam relaxadas e tinha as pernas esticadas por baixo da mesa. Não sabia porque reparara nele, mas também não conseguia evitar a sensação de que era perigoso.

      Tremeu e tentou não ser paranoica. Mesmo assim, procurou o frasco de gás pimenta dentro da mala, tocou nele e, com um sorriso amplo, dirigiu-se para o balcão. Atrás do balcão, havia um homem grande a limpar um copo.

      – O que vai beber? – perguntou.

      – Não quero