Michelle Conder

A bela cativa


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Não sei onde está.

      Havia algo no seu tom de voz de que não gostava, mas não conseguia saber o que era.

      – Está bem…

      – Quando foi a última vez que soube alguma coisa dele? – perguntou, pela segunda vez.

      Regan fez uma pausa antes de responder. Não conhecia aquele homem. E ele também não a conhecia. Então, porque estava a fazer tantas perguntas?

      – Porque quer saber isso? Já disse que não sabe onde está.

      Ele encolheu os ombros.

      – Eu não. Isso não significa que não vá ajudá-la.

      Os seus olhares encontraram-se e Regan sentiu-se encurralada.

      – Ajudar?

      – É claro. Parece uma mulher que está prestes a ficar sem opções.

      Como sabia? Aparentava estar tão desesperada como se sentia?

      Ele sorriu, mas não havia carinho no seu sorriso.

      – Vai negá-lo?

      Regan franziu o sobrolho. Desejava negá-lo, mas não podia fazê-lo. E precisava realmente da ajuda de uma pessoa dali que conhecesse a zona. Alguém que talvez até conhecesse Chad. Embora esse homem já tivesse admitido que não o conhecia e, realmente, a fizesse sentir-se incomodada. Assim que o vira, parecera-lhe perigoso e o facto de lhe parecer muito atraente não servira para mudar a sua opinião. Embora ele nem sequer tivesse feito um gesto ameaçador.

      – Obrigada na mesma, mas estou bem.

      – Bem? – Ele deixou escapar uma gargalhada. – É uma mulher estrangeira num bar. Está sozinha, à noite, e numa cidade que não conhece. Como diz que está bem?

      Ela fez uma careta. Não pensara noutra coisa senão em encontrar Chad, mas realmente não podia ser assim tão vulnerável, pois não? Tinha o seu frasco de gás pimenta.

      – Sou de Nova Iorque. Sei o que faço.

      – A sério? E qual é o seu plano? Vai de bar em bar mostrar a fotografia a qualquer pessoa com quem se cruzar? Isso é bom se, para além de procurar o seu irmão, quiser procurar um problema.

      – Não estou à procura de problemas – contradisse ela.

      Ele semicerrou os olhos e o preto das suas pestanas fez com que os seus olhos parecessem de um azul mais intenso. Era injusto que ela tivesse os olhos e o cabelo castanhos quando aquele homem era uma das criaturas mais belas que alguma vez vira.

      – Olhe para fora. Esteve no meu país durante menos de vinte e quatro horas e não sabe nada a respeito dele. Devia alegrar-se por estar a oferecer-lhe ajuda.

      Regan semicerrou os olhos com desconfiança.

      – Como sabe há quanto tempo estou em Santara?

      – Se a tivesse deixado sozinha um pouco mais, teria aprendido a não entrar num bar desta parte da cidade sem um acompanhante que consiga enfrentar cinquenta homens.

      Regan olhou à volta e viu que o local estava mais cheio do que antes.

      – Gostaria que me devolvesse a fotografia, por favor – pediu e levantou-se para se ir embora.

      – Onde vai?

      – Já lhe roubei tempo suficiente – disse ela. – E está a fazer-se tarde.

      – Portanto, vai-se embora sem mais nem menos?

      – Sim – afirmou ela, tentando mostrar valentia. – Tem algum problema com isso?

      – Não sei, consegue enfrentar cinquenta homens?

      Regan tremeu ao ouvir o seu tom de voz. Os seus olhares encontraram-se e a tensão sexual interpôs-se entre ambos. Mais uma vez, ele não se mexeu, mas ela tinha a sensação de que era mais ameaçador do que os cinquenta homens de que falava.

      – Teremos de descobrir, não é?

      Mais uma vez, os clientes do bar olharam para ela com curiosidade e Regan pôs a mão na mala para tocar no frasco de gás, antes de se virar e de se dirigir para a porta do bar como se a sua vida dependesse disso.

      Ao ver que saíra de lá sem incidentes, suspirou e mexeu a mão para chamar um táxi. Surpreendentemente, o veículo parou junto da calçada.

      – Olá? Está livre? – perguntou ao motorista.

      – Sim, menina.

      – Ainda bem. – Sentou-se no banco traseiro e disse o nome do hotel ao motorista. Quando o carro arrancou, ela percebeu que o homem vestido de preto não lhe devolvera a fotografia de Chad.

      Regan olhou pela janela traseira, esperando que ele estivesse na calçada a observá-la a afastar-se, mas, é claro, não estava. Era uma tolice. A fotografia não importava. No dia seguinte, voltaria a imprimi-la.

      Capítulo 2

      Jag ficou à porta do quarto do hotel onde Regan James se alojava e questionou a validez dos seus atos, tal como estivera a fazer durante todo o caminho.

      Depois da conversa no bar, era evidente que ela não sabia nada do seu paradeiro, nem de que a irmã dele estava com ele. No entanto, mostrara-se cautelosa quando lhe perguntara quando fora a última vez que o irmão contactara com ela e ele não sabia se era porque tinha alguma coisa para esconder ou se era devido ao seu instinto de autoproteção.

      Em qualquer caso, ela era a sua única ligação com Chad James e teria muita informação relevante sobre o irmão que poderia ajudá-lo a encontrar a irmã dele.

      Quando ia bater à porta, um instinto predador apoderou-se dele. Regan James fora uma revelação no bar. Não se enganara quando vira a sua fotografia pela primeira vez. Os seus olhos não eram castanhos, mas cor de canela, e o seu cabelo era de uma cor avermelhada e dourada que o fazia pensar na areia do deserto durante o pôr do sol. A sua voz também fora uma revelação: Uma mistura de ternura e sexo puro.

      Era evidente que os outros homens do bar tinham pensado o mesmo, porque Jag reparara nos olhares sensuais que pousavam nela quando se mexia pelo local. Os seus movimentos elegantes chamavam a atenção e o seu sorriso era deslumbrante. Até ele ofegara assim que a vira e, quando parara junto da sua mesa e o observara, ele sentira vontade de a agarrar e de a sentar no seu colo.

      Há muito tempo que não reagia com tanto desejo com uma mulher e o único motivo por que estava ali era porque não conseguira interrogá-la no bar.

      De facto, algumas pessoas tinham começado a reconhecê-lo, apesar de ter cortado a barba e o bigode. Jag acariciou o queixo e reconheceu que gostava da sensação da pele sem pelos. A ideia de acariciar o decote de Regan James com a face apareceu na sua mente e fez com que ofegasse.

      Jag franziu o sobrolho. Há muito tempo que as emoções não o afetavam tanto. Milena sempre o acusara de ter gelo nas veias, de ser desumano. Não era. Era tão humano como qualquer homem e a reação física que tivera ao ver Regan James demonstrava-o.

      A verdade era que Jag aprendera a controlar as emoções ainda jovem e não via nada de mal nisso. Como líder, era fundamental que mantivesse a cabeça fria quando todos os outros a perdiam. Nunca permitira que um rosto bonito ou um corpo sensual interferisse nas suas decisões e nunca o permitiria.

      Zangado por estar a pensar a respeito das emoções e do sexo, levantou o punho para bater à porta.

      Ouviu que, de repente, o barulho da água cessava e que uma voz feminina dizia:

      – Um momento.

      Jag respirou fundo. Ótimo. Ela acabara de sair do duche.

      Abriu-se a porta e deu por si a olhar diretamente para os olhos de Regan James. Ao fim de uns segundos, deslizou o olhar pelo seu corpo.

      – O senhor!