– Espere. Não pode entrar aqui.
Jag não se incomodou em responder. Olhou à volta e procurou pistas a respeito de onde podia estar o seu irmão.
– Ouviu-me? – Agarrou-o pelo braço para o virar e ele fê-lo, franzindo o sobrolho e muito surpreendido.
Ninguém tocava nele sem permissão. Nunca.
Olhou fixamente para ela enquanto fechava o robe com força. Esse gesto confirmou-lhe que estava nua por baixo do tecido. Desejou agarrar na roupa e retirar-lha do corpo antes de a penetrar várias vezes, até esquecer o peso do dever. Até não conseguir recordar o que era sentir-se sozinho. No entanto, ninguém podia fugir do destino e passar uma noite entre os braços daquela mulher não mudaria nada. O dever e a solidão vinham juntos. Aprendera-o ao observar o seu pai.
– Ouvi-a.
– Então, o que está a fazer aqui?
Antes de a pousar na mesa, Jag olhou para a fotografia do irmão de Regan.
– Deixou isto no bar.
Regan olhou para a fotografia.
– Bom… Obrigada por ma devolver, mas podia tê-la deixado na receção.
Ignorando-a, Jag levantou a tampa da mala de Regan e olhou para o seu conteúdo.
– Esta é toda a bagagem que tem?
Olhou para ele, atravessou o quarto e fechou a mala de repente.
– Isso não lhe diz respeito.
Jag decidiu que já passara bastante tempo a aguentar aquela mulher, portanto, lançou-lhe um olhar fulminante.
– Fiz-lhe uma pergunta.
– E eu pedi-lhe para se ir embora – indicou ela.
Jag olhou para ela por um instante.
– Não me vou embora – avisou. – Não antes de me dizer tudo o que sabe sobre o seu irmão.
– Conhece o meu irmão, não é? – Recuou. – Também sabe onde está? Mentiu-me?
– Sou eu que faço as perguntas. A menina responde – comentou, com frieza.
Ela abanou a cabeça.
– Quem é o senhor?
– Isso não tem importância.
– Tem o meu irmão? – perguntou, num tom de preocupação. – Tem, não tem?
– Se eu tivesse o seu irmão, porque haveria de estar aqui?
– Não sei. Não sei o que quer, nem porque está aqui.
Ela engoliu em seco e Jag sentiu uma certa tensão no peito ao ver que ela estava temerosa. A necessidade de a tranquilizar apanhou-o de surpresa.
Consciente de que tudo aquilo seria mais fácil se ela estivesse relaxada, tentou usar um tom conciliador.
– Não tenha medo, menina James. Só quero fazer algumas perguntas.
Ao ouvi-lo a pronunciar o seu nome, uma sensação estranha percorreu o seu corpo. Ele reparou que ela olhava de esguelha, procurando uma via de escape. Antes de conseguir pensar em como tranquilizá-la, ela correu para o telefone do hotel.
Se ele quisesse chamar a equipa de segurança, tê-lo-ia feito. Não tinha outro remédio senão pará-la, portanto, rodeou-a pelas costas e levantou-a do chão.
Ela resistiu, cravando-lhe as unhas no braço.
– Fique quieta – queixou-se Jag, quando lhe deu um pontapé na tíbia. – Bolas, não sou… – Jag deixou escapar um palavrão quando sentiu que lhe dava uma cotovelada muito perto do sexo.
Decidido a pôr fim àquela situação, virou-a e segurou-lhe as mãos atrás das costas, fazendo com que os seus corpos entrassem em contacto por completo. Durante a resistência, o robe de Regan abrira-se e a nova posição fez com que os seus seios ficassem apertados contra o peito de Jag. Ao senti-lo, Jag reagiu como um menino de quinze anos em vez de como um homem de trinta que, além disso, era rei.
Ela respirava de forma ofegante e o seu cabelo húmido rodeava o seu rosto corado. Jag ficou com falta de ar. Assim, com as faces coradas, os lábios entreabertos e a respiração entrecortada, Regan estava magnífica.
– Vou deixá-la no chão – indicou ele. – Se fugir outra vez ou for buscar a arma que tem na mala, terei de a deter. Se ficar quieta, será tudo muito mais fácil.
Para ele, pelo menos.
O seu olhar fulminante indicou-lhe que não acreditava, mas, pelo menos, parou de resistir.
Ele abanou a cabeça e soltou-a. Se voltasse a fugir, pará-la-ia novamente. Embora preferisse não ter de o fazer.
– Onde está o seu telemóvel?
Queria verificar se recebera chamadas durante o dia e continuar a investigar a partir daí. Ao ver que não respondia, olhou para ela. E, pela sua expressão, soube que não ia responder-lhe.
– Menina James, não me faça zangar fazendo com que isto seja ainda mais difícil.
– Zangá-lo! Que graça! Segue-me até ao hotel, irrompe no meu quarto e ataca-me. E é o senhor que está zangado?
– Não a ataquei – defendeu-se Jag. – Retive-a e voltarei a fazê-lo se fugir outra vez. Aviso-a.
Ela cruzou os braços e tremeu.
– O que quer?
– Não a quero – respondeu ele –, portanto, pode ficar tranquila.
Olhou para ele como se não acreditasse. Depois de como a tratara, compreendia que fosse assim. Ainda assim, era verdade. Ele preferia as mulheres sofisticadas, complacentes e dispostas. Ela não era nada dessas coisas. Então, porque o afetava dessa forma?
– Sente-se para que possamos falar do que quero. Preciso de informação sobre o seu irmão.
Ao ver que ela ficava de pé, Jag suspirou e sentou-se.
– Há uma semana, o seu irmão mandou-lhe uma mensagem. Falou com ele depois disso?
– Como sabe que me mandou uma mensagem?
– Eu faço as perguntas, menina James – recordou-lhe, com muita paciência. – A menina responde.
– Não vou dizer-lhe nada.
– Tenho de a avisar de que será melhor pensar nisso – comentou ele, com frieza. Talvez ela não soubesse, mas ele estava disposto a fazer tudo para encontrar a irmã e o facto de o irmão daquela mulher estar com ela irritava-o. Observou-o como se desejasse dar-lhe uma dentada e ele sentiu que o desejo o invadia por dentro.
– Não, não voltei a saber dele.
– O que a fez vir a Santara?
– Ele vive aqui. E, ao ver que não atendia o telefone, preocupei-me.
– Ele vivia aqui. – Não viveria lá durante muito mais tempo.
– Se se tivesse mudado, ter-me-ia avisado.
Ela abanou a cabeça.
– Vejo que estão bastante unidos.
– Muito unidos.
A convicção com que falava fez com que ele sentisse uma pressão no peito. Houvera uma época em que ele também estivera muito unido aos seus irmãos. Depois, o pai falecera num acidente de avioneta e isso tornara-o rei. A partir daí, tinham deixado de estar unidos. Não havia espaço para isso.
– O que sabe a respeito do que o seu irmão esteve a fazer ultimamente?
– Nada.
– A sério?
– Não sei nada