Michelle Conder

A bela cativa


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      – Espere. Não pode entrar aqui.

      Jag não se incomodou em responder. Olhou à volta e procurou pistas a respeito de onde podia estar o seu irmão.

      – Ouviu-me? – Agarrou-o pelo braço para o virar e ele fê-lo, franzindo o sobrolho e muito surpreendido.

      Ninguém tocava nele sem permissão. Nunca.

      Olhou fixamente para ela enquanto fechava o robe com força. Esse gesto confirmou-lhe que estava nua por baixo do tecido. Desejou agarrar na roupa e retirar-lha do corpo antes de a penetrar várias vezes, até esquecer o peso do dever. Até não conseguir recordar o que era sentir-se sozinho. No entanto, ninguém podia fugir do destino e passar uma noite entre os braços daquela mulher não mudaria nada. O dever e a solidão vinham juntos. Aprendera-o ao observar o seu pai.

      – Ouvi-a.

      – Então, o que está a fazer aqui?

      Antes de a pousar na mesa, Jag olhou para a fotografia do irmão de Regan.

      – Deixou isto no bar.

      Regan olhou para a fotografia.

      – Bom… Obrigada por ma devolver, mas podia tê-la deixado na receção.

      Ignorando-a, Jag levantou a tampa da mala de Regan e olhou para o seu conteúdo.

      – Esta é toda a bagagem que tem?

      Olhou para ele, atravessou o quarto e fechou a mala de repente.

      – Isso não lhe diz respeito.

      Jag decidiu que já passara bastante tempo a aguentar aquela mulher, portanto, lançou-lhe um olhar fulminante.

      – Fiz-lhe uma pergunta.

      – E eu pedi-lhe para se ir embora – indicou ela.

      Jag olhou para ela por um instante.

      – Não me vou embora – avisou. – Não antes de me dizer tudo o que sabe sobre o seu irmão.

      – Conhece o meu irmão, não é? – Recuou. – Também sabe onde está? Mentiu-me?

      – Sou eu que faço as perguntas. A menina responde – comentou, com frieza.

      Ela abanou a cabeça.

      – Quem é o senhor?

      – Isso não tem importância.

      – Tem o meu irmão? – perguntou, num tom de preocupação. – Tem, não tem?

      – Se eu tivesse o seu irmão, porque haveria de estar aqui?

      – Não sei. Não sei o que quer, nem porque está aqui.

      Ela engoliu em seco e Jag sentiu uma certa tensão no peito ao ver que ela estava temerosa. A necessidade de a tranquilizar apanhou-o de surpresa.

      Consciente de que tudo aquilo seria mais fácil se ela estivesse relaxada, tentou usar um tom conciliador.

      – Não tenha medo, menina James. Só quero fazer algumas perguntas.

      Ao ouvi-lo a pronunciar o seu nome, uma sensação estranha percorreu o seu corpo. Ele reparou que ela olhava de esguelha, procurando uma via de escape. Antes de conseguir pensar em como tranquilizá-la, ela correu para o telefone do hotel.

      Se ele quisesse chamar a equipa de segurança, tê-lo-ia feito. Não tinha outro remédio senão pará-la, portanto, rodeou-a pelas costas e levantou-a do chão.

      Ela resistiu, cravando-lhe as unhas no braço.

      – Fique quieta – queixou-se Jag, quando lhe deu um pontapé na tíbia. – Bolas, não sou… – Jag deixou escapar um palavrão quando sentiu que lhe dava uma cotovelada muito perto do sexo.

      Decidido a pôr fim àquela situação, virou-a e segurou-lhe as mãos atrás das costas, fazendo com que os seus corpos entrassem em contacto por completo. Durante a resistência, o robe de Regan abrira-se e a nova posição fez com que os seus seios ficassem apertados contra o peito de Jag. Ao senti-lo, Jag reagiu como um menino de quinze anos em vez de como um homem de trinta que, além disso, era rei.

      Ela respirava de forma ofegante e o seu cabelo húmido rodeava o seu rosto corado. Jag ficou com falta de ar. Assim, com as faces coradas, os lábios entreabertos e a respiração entrecortada, Regan estava magnífica.

      – Vou deixá-la no chão – indicou ele. – Se fugir outra vez ou for buscar a arma que tem na mala, terei de a deter. Se ficar quieta, será tudo muito mais fácil.

      Para ele, pelo menos.

      O seu olhar fulminante indicou-lhe que não acreditava, mas, pelo menos, parou de resistir.

      Ele abanou a cabeça e soltou-a. Se voltasse a fugir, pará-la-ia novamente. Embora preferisse não ter de o fazer.

      – Onde está o seu telemóvel?

      Queria verificar se recebera chamadas durante o dia e continuar a investigar a partir daí. Ao ver que não respondia, olhou para ela. E, pela sua expressão, soube que não ia responder-lhe.

      – Menina James, não me faça zangar fazendo com que isto seja ainda mais difícil.

      – Zangá-lo! Que graça! Segue-me até ao hotel, irrompe no meu quarto e ataca-me. E é o senhor que está zangado?

      – Não a ataquei – defendeu-se Jag. – Retive-a e voltarei a fazê-lo se fugir outra vez. Aviso-a.

      Ela cruzou os braços e tremeu.

      – O que quer?

      – Não a quero – respondeu ele –, portanto, pode ficar tranquila.

      Olhou para ele como se não acreditasse. Depois de como a tratara, compreendia que fosse assim. Ainda assim, era verdade. Ele preferia as mulheres sofisticadas, complacentes e dispostas. Ela não era nada dessas coisas. Então, porque o afetava dessa forma?

      – Sente-se para que possamos falar do que quero. Preciso de informação sobre o seu irmão.

      Ao ver que ela ficava de pé, Jag suspirou e sentou-se.

      – Há uma semana, o seu irmão mandou-lhe uma mensagem. Falou com ele depois disso?

      – Como sabe que me mandou uma mensagem?

      – Eu faço as perguntas, menina James – recordou-lhe, com muita paciência. – A menina responde.

      – Não vou dizer-lhe nada.

      – Tenho de a avisar de que será melhor pensar nisso – comentou ele, com frieza. Talvez ela não soubesse, mas ele estava disposto a fazer tudo para encontrar a irmã e o facto de o irmão daquela mulher estar com ela irritava-o. Observou-o como se desejasse dar-lhe uma dentada e ele sentiu que o desejo o invadia por dentro.

      – Não, não voltei a saber dele.

      – O que a fez vir a Santara?

      – Ele vive aqui. E, ao ver que não atendia o telefone, preocupei-me.

      – Ele vivia aqui. – Não viveria lá durante muito mais tempo.

      – Se se tivesse mudado, ter-me-ia avisado.

      Ela abanou a cabeça.

      – Vejo que estão bastante unidos.

      – Muito unidos.

      A convicção com que falava fez com que ele sentisse uma pressão no peito. Houvera uma época em que ele também estivera muito unido aos seus irmãos. Depois, o pai falecera num acidente de avioneta e isso tornara-o rei. A partir daí, tinham deixado de estar unidos. Não havia espaço para isso.

      – O que sabe a respeito do que o seu irmão esteve a fazer ultimamente?

      – Nada.

      – A sério?

      – Não sei nada