Michelle Conder

A bela cativa


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      – Oh, não! – Ao perceber o que aquilo parecia, Regan rebuscou no seu bolso e tirou uma fotografia de Chad. – Estou à procura deste homem.

      O empregado olhou para a fotografia.

      – Nunca o vi.

      – Tem a certeza? – Ela franziu o sobrolho. – Sei que vem cá. Ele disse-me.

      – Tenho a certeza – confirmou ele. Era evidente que não gostava que o questionassem. Agarrou noutro copo e começou a limpá-lo com um pano que parecia bastante sujo. – Quer um narguilé? Tenho de morango, de amora e de pêssego. – Isso explicava o cheiro a fruta que sentira ao entrar.

      – Não, não quero um narguilé – replicou ela. O que precisava era de um pouco de orientação. Alguém que pudesse ajudá-la a percorrer as ruas e a ampliar a busca de Chad.

      Tencionara alugar um carro enquanto estava lá, mas, em Santara, conduzia-se do lado contrário ao que estava habituada e, além disso, Regan não tinha muito bom sentido de orientação. Chad costumava dizer-lhe que podia dar uma volta em círculo e que não saberia reconhecer onde era o norte. Pensar nisso fez com que sentisse um nó na garganta. A ideia de não voltar a ver o irmão era insuportável. Fora toda a sua vida desde que os pais tinham morrido.

      – Como queira… – disse o empregado, antes de se afastar para atender um cliente vestido com a roupa local. A maior parte dos clientes usava roupa árabe. Todos, exceto o homem do canto. Olhou para ele de esguelha e descobriu que continuava a observá-la. Não se mexera.

      Decidida a ignorá-lo, endireitou as costas e tentou não pensar no cansaço. Fora lá para encontrar Chad e não ia desistir por causa de um empregado ou de um homem vestido de preto. Sentindo-se melhor, agarrou na fotografia de Chad com força e começou a ir de mesa em mesa, perguntando se alguém o conhecia ou se o vira recentemente. É claro, ninguém sabia de nada. O que esperava?

      Estava cada vez mais desanimada e só quando parou junto de uma mesa grande cheia de homens, que jogavam bacará, é que se apercebeu de que se calaram ao vê-la chegar.

      Sorriu com nervosismo e perguntou se algum deles conhecia Chad. Um deles sorriu e olhou para ela de cima a baixo. Regan sentiu vontade de se tapar, mas sabia que a roupa que usava era adequada. Umas calças de algodão, uma blusa branca e um lenço a cobrir o cabelo castanho.

      Um dos homens recostou-se na cadeira e fez um comentário na língua de Santara. Os outros homens riram-se e Regan soube que, fosse o que fosse, não era agradável. Talvez estivesse noutra parte do mundo, mas certas coisas eram universais.

      – Muito bem, obrigada pela vossa ajuda – agradeceu ela e olhou fixamente para eles, antes de ir para outra mesa.

      Infelizmente, era a mesa dele.

      Regan olhou para a mesa e para o narguilé que havia por cima dela. Depois, reparou no homem que tinha os braços cruzados por cima da barriga e no seu pescoço bronzeado e no queixo proeminente. Regan humedeceu os lábios com a ponta da língua e reparou no seu nariz aquilino e no olhar penetrante dos seus olhos azuis. E ficou paralisada como se estivesse no ponto de mira de um predador. De repente, apercebeu-se de que nunca encontrara um homem de aspeto tão perigoso. O coração acelerava com força, como se estivesse prestes a afundar-se em areias movediças.

      «Foge!», pensou, mas o seu corpo não obedeceu. Não era apenas um homem de aspeto perigoso, como perigosamente atraente. Assim que pensou nisso, uma onda de calor invadiu-a por dentro.

      Regan pestanejou e, antes de conseguir reagir, ele levantou-se e bloqueou-lhe a possível escapatória.

      – Sente-se. – Forçou um sorriso. – Se é que sabe o que é bom para si.

      O seu tom de voz era grave e poderoso e fez com que ela obedecesse, embora soubesse que era uma estupidez.

      De tão perto, percebeu que ele era mais imponente do que parecia. E masculino. Parecia suficientemente forte para a agarrar com uma mão e levá-la para onde quisesse. Assustada, Regan percebeu que talvez a ideia não a aterrorizasse. De repente, tremeu.

      Aquilo era uma loucura.

      Pensar assim era uma loucura. Não costumava reagir daquela forma com os homens. E muito menos com aqueles que pareciam ter infringido a lei sem consequências. Em qualquer caso, o que podia acontecer num bar cheio de clientes? Clientes que continuavam a olhar para ela com curiosidade.

      Impulsionada pelo desejo de se esconder daqueles olhares curiosos, obedeceu e sentou-se, agarrando a mala no colo a modo de escudo. Ele olhou para a mala como se tivesse compreendido a sua função e esboçou um pequeno sorriso.

      Ao sentir-se exposta ao seu olhar, conteve-se para não se levantar e ir-se embora. Ainda que também não tivesse muitas alternativas. Não sabia para onde ir quando saísse daquele bar, exceto para o quarto de hotel e talvez de volta a Brooklyn. Derrotada. E nunca o faria.

      – Gosta do que vê?

      A sua voz grave era como a carícia do veludo na pele e ela apercebeu-se de que estivera a olhar fixamente para a boca dele. Assustada, apercebeu-se de que a sensação estranha que a invadia era algum tipo de atração sexual que não recordava ter sentido antes.

      Corada por causa dos seus pensamentos, olhou para ele e disse:

      – Fala inglês.

      – Evidentemente.

      O seu tom fê-la sentir-se mais estúpida do que já se sentia, portanto, fez uma careta.

      – Queria dizer que fala bem.

      Ele arqueou uma sobrancelha com condescendência. Regan tinha a sensação de que não gostava dela, mas como era possível se nunca o conhecera antes?

      – O que está a fazer aqui, mulher americana? – perguntou, com desdém.

      Não, não gostava dela. Nada mesmo.

      – Como sabe que sou americana? Também é?

      Esboçou um sorriso.

      – Pareço-lhe americano?

      Não, parecia um homem capaz de fazer com que uma freira sentisse a tentação de quebrar os seus votos. E ele sabia.

      – Não. Lamento muito.

      – O que está a fazer aqui?

      Ela respirou fundo. Não sabia se devia mostrar-lhe a fotografia de Chad ou não.

      – Estou… Estou à procura de alguém.

      – De alguém?

      – Do meu irmão. – Mostrou-lhe a fotografia e certificou-se de que os seus dedos não se tocavam quando ele a agarrou.

      Olhou para ela nos olhos durante mais um segundo do que o necessário, como se soubesse o que ela estava a pensar.

      – Alguma vez o viu?

      – Talvez. Porque está à procura?

      Regan olhou para ele, espantada. De repente, sentiu a esperança de ter encontrado alguém que talvez pudesse ajudá-la.

      – Viu-o? Onde? Quando?

      – Repito, porque está à procura?

      – Porque não sei onde está. Sabe?

      – Quando foi a última vez que soube alguma coisa dele?

      O seu tom era cortante. Autoritário. E, de repente, sentiu-se como se fosse ele que procurava Chad em vez dela.

      – Porque não responde às minhas perguntas? – perguntou ela.

      – Porque não responde às minhas?

      – Eu respondi. – Mexeu-se na cadeira, inquieta. – De onde conhece o meu irmão?

      – Não disse que o conheço.

      – Disse… Disse… – Ela abanou a cabeça. O que dissera exatamente? Tocou na cabeça,