de samba canção e regata. Em uma mão, ele segurava o cabelo de uma mulher que estava de joelhos e chorando. Na outra mão, ele apontava uma arma para as pessoas, a polícia e a mulher.
- Para trás porra! – Ele gritou. – Todos vocês, vocês aí! – Ele apontou sua pistola em direção a um carro estacionado. – Saiam de perto do carro! Pare de chorar! – Gritou para a mulher. – Se você continuar chorando, vou estourar sua cabeça só por me encher o saco.
Havia um policial em cada lado do gramado. Um tinha uma arma em punho. O outro estava com uma mão no cinto e uma palma para cima.
- Senhor, por favor largue sua arma.
O homem apontou a pistola para o policial.
- Que? Você quer fazer isso? – Ele disse. – Então atire em mim! Atire, filho da puta, e você vai ver o que acontece. Que se foda. Nós dois morremos.
- Não atire, Stan! – O outro policial gritou. – Todo mundo calmo. Ninguém vai matar ninguém hoje. Senhor, por favor, só—
- Pare de falar comigo porra! – O homem gritou. – Só me deixem sozinho. Essa é minha casa. Essa é minha esposa. Essa traidora do caralho! – Ele se irritou e colocou a boca de sua arma na bochecha dela. – Eu deveria limpar essa sua boca imunda!
Avery desligou suas sirenes e estacionou.
- Outro porra de policial!? – O homem esbravejou. – Vocês são como baratas. Tudo bem, - ele disse, calmo e determinado. – Alguém vai morrer hoje. Vocês não vão me prender. Então ou vocês vão para casa, ou alguém vai morrer.
- Ninguém vai morrer, – o primeiro policial disse, - por favor, Stan! Abaixe sua arma!
- Não mesmo. - O parceiro dele respondeu.
- Porra, Stan!
- Fique aqui - Avery disse para Ramirez.
- Nem fodendo! – Ele respondeu. – Sou seu parceiro, Avery.
- Ok, então. Mas escute, - ela disse, - tudo o que nós não queremos agora são mais dois policiais transformando isso aqui num banho de sangue. Fique calmo e faça o que eu disser.
- Que seria?
- Apenas me siga.
Avery saiu do carro.
- Senhor – ela disse ao policial – abaixe sua arma.
- Quem diabos é você?
- Isso, quem é você, porra? – o agressor Latino disse.
- Vocês dois têm que sair da área - Avery disse aos policiais. – Sou a Detetive Avery Black, do A1. Vou cuidar disso. Você também – ela disse a Ramirez.
- Você me disse para te seguir! – Ele gritou.
- Faça isso. Entre no carro. Todo mundo tem que sair daqui.
O policial com a arma cuspiu e balançou a cabeça.
- Burocracia de merda - ele disse. – O que? Só porque você está em alguns jornais você acha que é uma super tira ou algo assim? Bem, você quer saber? Eu gostaria de ver como você lida com isso, super tira. – Com seus olhos no criminoso, ele levantou sua arma e caminhou para trás até ficar atrás de uma árvore. – Se vire. – Seu parceiro o seguiu.
Assim que Ramirez entrou no carro e os policiais estavam seguros, distantes de onde tiros poderiam chegar, Avery deu passos à frente.
O homem latino sorriu.
- Olhe só – ele disse e apontou sua arma. – Você é a tira do assassino em série, certo? Muito bem, Black. Aquele cara era louco pra cacete. Você o pegou. Ei! – Ele gritou para a mulher de joelhos. – Pare de se contorcer. Você não vê que eu estou tentando conversar?
- O que ela fez? – Avery perguntou.
- Essa puta fodeu com meu melhor amigo. Isso é o que ela fez. Não fez, vagabunda?
- Porra - Avery disse. – Isso é foda. Ela fez algo assim antes?
- Sim - ele admitiu. – Acho que ela traiu o ex comigo, mas porra, eu casei com essa puta! Isso tinha que valer algo, certo?
- Com certeza - Avery concordou.
Ele era magro, com o rosto fino e dentes faltando. Olhou para as pessoas, depois para Avery como uma criança culpada e sussurrou:
- Isso não parece bom, certo?
- Não - Avery respondeu. – Não é bom. Da próxima vez, você deveria dar um jeito disso na privacidade da sua casa. E sem barulho – ela disse calmamente e chegou mais perto.
- Por que você está chegando tão perto? – Ele disse com a sobrancelha levantada.
Avery encolheu os ombros.
- É meu trabalho – ela disse como se isso fosse algo ruim. – Sabe de algo? Você tem duas escolhas. Uma: Você vem comigo na boa. Você já está ferrado. Muito barulho, muito público, muitas testemunhas. Pior cenário? Ela presta queixa e você tem que arrumar um advogado.
- Ela não vai prestar porra de queixa nenhuma – ele disse.
- Não vou amor, eu prometo! – A mulher jurou.
- Se ela não prestar queixas, então teremos um ataque grave, prisão com resistência e outras infrações menores.
- Vou ter que ficar preso algum tempo?
- Você já foi preso antes?
- Sim - ele admitiu. – Cinco anos de condicional por tentativa de homicídio culposo.
- Qual seu nome?
- Fernando Rodriguez.
- Você ainda está em condicional, Fernando?
- Não, terminou duas semanas atrás.
- Ok - ela pensou por um momento. – Então você provavelmente vai ter que ficar preso até as coisas se ajeitarem. Talvez um mês ou dois.
- Um mês?
- Ou dois - ela repetiu. – Vamos lá. Vamos ser honestos. Depois de cinco anos? Isso não é nada! Da próxima vez você resolve isso em local privado.
Ela estava bem em frente a ele, perto o suficiente para desarma-lo e libertar a vítima, mas ele já estava se acalmando. Avery havia visto pessoas como ele antes, quando lidava com as gangues de Boston. Homens que foram maltratados por tanto tempo que a menor infração poderia explodi-los. No fim das contas, porém, quando ganhavam uma chance para relaxar e pensar sobre suas situações, suas histórias eram sempre as mesmas: eles só queriam ser confortados, ajudados e sentirem que não estavam sozinhos no mundo.
- Você era advogada, não era? – O homem disse.
- Sim - ela concordou. – Mas depois eu cometi um erro estúpido e minha vida se tornou uma merda. Não seja como eu - ela alertou. – Vamos acabar com isso agora.
- E ela? – Ele apontou para sua esposa.
- Por que você iria querer estar com alguém como ela? – Avery perguntou.
- Eu a amo.
Avery sugou seus lábios e o desafiou com um olhar.
- Isso parece amor?
A pergunta pareceu tão sincera que o irritou. Com a sobrancelha enrugada, ele olhou para Avery, para sua mulher e para Avery novamente.
- Não - ele disse e abaixou sua arma. – Isso não pode ser amor.
- Vou te dizer algo - Avery falou. – Me dê essa arma e deixe esses caras te levarem na boa e eu te prometo algo.
- O que?
- Prometo que vou ficar de olho e assegurar que você seja bem tratado. Você não parece um cara do mal para mim, Fernando Rodriguez. Apenas parece que você teve uma vida difícil.