mão.
Ele libertou a refém e entregou a arma. No mesmo momento, sua mulher rolou pelo gramado e correu para um lugar seguro. O policial agressivo que estava preparado para atirar caminhou para frente com um olhar cínico de inveja.
- Eu levo ele – disse com sarcasmo.
Avery o olhou no olho.
- Faça um favor para mim - ela sussurrou. – Pare de agir como se você fosse melhor do que as pessoas que você prende e trate ele como um ser humano. Isso vai ajudar.
O policial ficou vermelho de raiva e parecia pronto para explodir e destruir o clima de tranquilidade que Avery havia criado. Felizmente, o segundo policial alcançou o homem latino primeiro e o segurou com cuidado. – Vou algemá-lo agora - ele disse calmamente. – Não se preocupe, eu vou assegurar que você seja tratado bem. Tenho que citar seus direitos para você. Tudo bem: Você tem o direito de ficar em silêncio...
Avery recuou.
O agressor latino olhou para cima. Os dois trocaram olhares por um momento. Ele assentiu em agradecimento, e Avery respondeu. – Tudo o que eu disse é verdade – ela reiterou antes de virar-se para sair.
Ramirez estava com um sorriso largo no rosto.
- Porra, Avery. Isso foi sexy!
O flerte incomodou Black.
- Eu fico nervosa quando tiras tratam suspeitos como animais - ela disse e se virou para assistir à prisão. – Aposto que metade dos tiros de Boston poderiam ser evitados com um pouco de respeito.
- Talvez se houvesse uma comissária mulher como você no comando – ele brincou.
- Talvez – ela respondeu e pensou seriamente no assunto.
Seu walkie-talkie chamou.
Eles ouviram a voz do capitão O’Malley.
- Black - ele disse. – Cadê você?
Ela atendeu.
- Aqui, capitão.
- Deixe seu telefone ligado a partir de agora - ele disse. – Quantas vezes eu tenho que te dizer isso? E venha para a Boston Harbor Marina, na Marginal Street, no Leste. Temos algo aqui.
Avery franziu a testa.
- Esse lugar não é território da Boston A7? – Ela perguntou.
- Esqueça isso - ele disse. – Pare o que você estiver fazendo e venha para cá o mais rápido possível. Temos um assassinato.
CAPÍTULO DOIS
Avery chegou ao Boston Harbor & Shypyard pelo Callahan Tunnel, que conectava o norte ao leste de Boston. A marina ficava na Marginal Street, à beira d’água.
O local estava lotado de policiais.
- Cacete! – Ramirez disse. – Que porra aconteceu aqui?
Avery entrou vagarosamente na marina. Os carros de polícia estavam estacionados em uma fila que se formou acidentalmente, junto com uma ambulância. Muitas pessoas que queriam usar seus barcos naquela manhã de sol brilhante conversavam entre si, perguntando-se o que deveriam fazer.
Ela estacionou e os dois saíram do carro mostrando seus distintivos.
Após o portão e prédio principais havia uma grande doca. Dois píeres estavam projetados em forma de V. A maioria dos policiais estava agrupada no fim da primeira doca.
Ao longe, estava o Capitão O’Malley, vestido de terno preto e gravata. Ele estava em uma discussão profunda com outro homem com uniforme de policial. Pelas duas linhas em seu peito, Avery imaginou que o outro cara fosse o capitão do A7, que cuidava da parte leste de Boston.
- Olhe esse cara. – Ramirez apontou para o homem uniformizado. Ele está vindo de uma cerimônia ou algo assim?
Agentes do A7 os olharam de cara feia.
- O que o A1 está fazendo aqui?
- Voltem para o norte! – Outro gritou.
O vento batia no rosto de Avery enquanto ela caminhava pelo píer. O ar estava salgado e ameno. Ela apertou sua jaqueta em volta da cintura para que não voasse. Ramirez estava com problemas com as rajadas intensas, que insistiam em bagunçar seu cabelo, perfeitamente penteado.
As docas se projetavam em ângulos perpendiculares em um lado do píer, e cada uma delas estava lotada de barcos. No outro lado, também havia embarcações alinhadas: jet-skis, barcos de navegação caríssimos e iates gigantes.
Uma doca separada formava um T com o final do píer. Um único iate branco, de tamanho médio, estava ancorado ali no meio. O’Malley, o outro capitão e dois oficiais conversavam enquanto a equipe forense investigava o barco e tirava fotos.
O’Malley estava com o visual bruto de sempre: cabelo curto e preto e um rosto que parecia de um ex-boxeador, arranhado e enrugado. Seus olhos estavam meio fechados, como sempre, e ele parecia aborrecido.
- Ela chegou. Deem uma chance.
O outro capitão tinha um jeito imponente: cabelo grisalho, rosto fino e um olhar soberbo sob uma sobrancelha enrugada. Ele era muito mais alto que O’Malley e parecia um pouco contrariado por O’Malley ou qualquer pessoa de fora de sua equipe estar invadindo seu território.
Avery balançou a cabeça em cumprimento a todos.
- Como vai, Capitão?
- Isso é uma festa ou o que? – Ramirez sorriu.
- Tire esse sorriso da cara – o capitão imponente disse. – Essa é a cena de um crime, jovem, e eu espero que você a trate como tal.
- Avery, Ramirez, esse é o Capitão Holt do A7. Ele foi bondoso o suficiente para—
- Bondoso é o caralho! – Ele gritou. – Eu não sei qual é o showzinho do prefeito, mas se ele acha que pode se intrometer na minha divisão, ele está muito enganado. Eu te respeito, O’Malley. Nós nos conhecemos há muito tempo, mas isso é algo sem precedentes e você sabe. Como você se sentiria se eu entrasse no A1 e começasse a dar ordens?
- Ninguém está se metendo em nada – O’Malley disse. – Você acha que eu gosto de fazer isso? Nós temos trabalho suficiente na nossa área. O prefeito ligou para nós dois, não ligou? Eu tinha uma programação totalmente diferente para hoje, Will, então não aja como se eu estivesse tentando roubar seu poder.
Avery e Ramirez trocaram um olhar.
- Qual é a situação? – Avery perguntou.
- Ligaram essa manhã. – Holt disse e apontou para o iate. – Uma mulher foi encontrada morta naquela embarcação. Foi identificada como uma vendedora de livros local. Tem uma livraria de publicações espirituais na Summer Street há pelo menos quinze anos. Sem registros. Aparentemente nada suspeito sobre ela.
- A não ser pela maneira em que ela foi assassinada. – O’Malley interrompeu. – O Capitão Holt estava tomando café da manhã com o prefeito quando a chamada chegou. O prefeito decidiu que queria vir até aqui e ver ele mesmo.
- A primeira coisa que ele disse foi ‘Por que nós não chamamos a Avery Black para esse caso’ – Holt concluiu olhando Avery com raiva.
O’Malley tentou acalmar a situação.
- Não foi o que você me disse, Will. Você disse que seus homens vieram e não entenderam a cena que estavam vendo, então o prefeito sugeriu que você chamasse alguém com experiência nesse tipo de caso.
- Que seja – Holt disse e levantou o queixo.
- Dê uma olhada – O’Malley falou, apontando para o iate. – Veja o que você encontra. Se ela não achar nada, - ele disse a Holt – nós vamos embora. Não parece justo?
Holt caminhou em direção a seus dois