Barbara Cartland

Duelo De Corações


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não. Um advogado de nome Isaac Rosenberg foi assassinado no bosque que fica cerca de quatro milhas distante de Sevenoaks. Passei dois dias interrogando as testemunhas.

      —O assassino não foi encontrado?

      —Ainda não. O mais estranho nesse caso foi que tentaram incriminar o jovem Brecon. Lembra-se do pai desse rapaz, Justin? Homem difícil. Há uns vinte anos tivemos uma desavença. Logo depois disso ele morreu. Hoiive muitos comentários sobre sua morte, mas no momento não me recordo do que diziam.

      —Sim, lembro-me do falecido Conde de Brecon. Por que o filho foi acusado de assassinato?

      —Bem, não o acusaram, propriamente. Foi tudo muito estranho. Dois homens me disseram que Rosenberg havia marcado um encontro com Brecon na noite do crime. Acredito que ambos foram pagos para acusar o jovem Conde. O acusado, claro, tinha um álibi excelente.

      —Por que esse tal Rosenberg marcou um encontro com Brecon?

      —Ainda não sei. Nada havia nos bolsos do morto. Um funcionário do escritório de advocacia nos informou que Rosenberg recebera uma carta pela manhã e ficara muito contente. No fim da tarde ele deixou o escritório em uma carruagem de aluguel mas não disse aonde ia.

      —Ao que tudo indica você está com um caso difícil nas mãos. Mas aí está nosso champanhe—, alegrou-se o Marquês ao ver o mordomo e dois lacaios entrando na sala com bandejas onde havia, além do champanhe e das taças, vários tipos de frios.

      —Quem encontrou o corpo, tio Francis?— indagou Caroline.

      —Ah, está interessada no crime? Bem, o assunto não é apropriado para garotas. Mas há uma jovem lady envolvida nesse misterioso assassinato. O corpo

      de Rosenberg foi encontrado por sir Montagu Reversby, de quem jamais ouvi falar. Ele disse que nada teve a ver com o crime e que só estava no bosque com dois cavalariços à procura de uma lady.

      —Uma lady!— admirou-se o Marquês—, o que estaria uma lady fazendo num bosque, à noite?

      —Não faço ideia. Também não sei de quem se trata. Essa mulher deve significar muito para Reversby porque ele ofereceu a cada cavalariço um guinéu, caso a encontrassem.

      —Mas o que eles encontraram foi um cadáver— comentou Caroline com um breve riso.

      —Sim soa engraçado, não é mesmo? Mas afirmo que há muita coisa envolvendo esse crime— a expressão de lorde Milbome tomou-se bem séria.

      —Realmente esse caso é um verdadeiro mistério…

      —Acredito que Reversby e seus cavalariços disseram a verdade, eles estavam mesmo querendo encontrar a tal lady. Os outros dois homens, no entanto, me pareceram sinistros. Ficaram sempre repetindo a mesma história, e afirmando que lorde Brecon havia assassinado Rosenberg.

      —Mas o senhor disse que lorde Brecon tinha um álibi— lembrou Caroline.

      —Sim. Um álibi muito bom, apesar de estranho.

      —Estranho? Por quê?— Caroline quis saber.

      —Ele declarou ter passado a noite em um acampamento, com o dono de um circo de animais ou coisa parecida. Várias pessoas confirmaram o que ele disse. Pela manhã Brecon foi a Londres, interessado em comprar um cavalo no leilão de Tattersall. Só ontem ouvi seu depoimento e houve concordância com o relato de outras testemunhas.

      A resposta fez Caroline respirar aliviada. Escapara por um triz de um escândalo terrível. Sir Montagu não fora implicado no crime, e como lorde Brecon prestara depoimento no dia seguinte àquele em que as outras testemunhas haviam sido ouvidas, certamente não ficara sabendo que sir Montagu estivera procurando por uma lady no bosque.

      —Bem, Francis, se Brecon apresentou um bom álibi, por que você parece preocupado com as mentiras ditas contra ele?— inquiriu o Marquês.

      —Várias vezes já me questionei sobre isso. Sinceramente, Justin, gostei muito do rapaz. E bem diferente do pai. Tem ótima aparência, é distinto, olha dentro dos olhos da pessoa com quem fala e tem um ar grave, o que falta a esses almofadinhas irresponsáveis que vemos por aí. Posso afirmar que os dois homens que insistem em atribuir o crime a Brecon estão mentindo. Alguém os pagou e os ensaiou para que eles representassem aquela farsa.

      —Em outras palavras, você está achando que Brecon tem um inimigo bastante perigoso— deduziu o Marquês.

      —Exatamente. O estranho nisso tudo é que o jovem Conde, declarou não suspeitar de ninguém. A seu ver nenhum parente ou conhecido seria capaz de assassinar Rosenberg visando incriminá-lo.

      —A que veredicto você chegou?

      —Por enquanto, só posso dizer que desconheço o verdadeiro assassino de Rosenberg— lorde Milbome respondeu—, infelizmente, muitos criminosos escapam da justiça e fazem novas vítimas. Mas as investigações continuam.

      —Tio Francis, o senhor acredita que o verdadeiro assassino tentará incriminar o Conde de Brecon novamente?— Caroline indagou.

      Impaciente demais para ficar sentada ela foi até a janela.

      —Acredito e me preocupo com isso, pois gostei do rapaz.

      —O senhor pelo menos suspeita de quem possa ser esse perigoso inimigo do Conde de Brecon?

      —Sim, claro, mas não tenho provas. Um homem na minha posição deve ter o maior cuidado com o que diz.

      —Diga-nos, tio Francis, de quem suspeita?— Caroline pediu.

      Pode dizer, Francis. Sabe que está entre amigos— lorde Vulcan encorajou-o.

      —Não tenho segredos para você, Justin, mas Caroline vai me prometer guardar segredo. Conheço o perigo da tagarelice feminina.

      —Prometo, tio Francis— Caroline disse depressa.

      —Pois bem. Vocês sabem que é meu dever ouvir muitas pessoas. No ano passado cansei-me de ouvir queixas sobre um rapaz de nome Gervase Warlingham. Ele parecia estar sempre atrás de irregularidades e trapaças que aconteciam no setor de esportes. Warlingham dopou um cavalo no qual havia apostado, subornou um pugilista para deixar o oponente vencer a luta e andou apostando alto nas mesas de jogo. Suspeito desse rapaz justamente por saber que, além de grande velhaco, é primo de Brecon. No caso da morte deste último, Warlingham herdará o título de Conde e a grande fortuna da família Brecon.

      —E como é esse rapaz… Gervase Warlingham?— indagou Caroline.

      —Não o conheço pessoalmente. Lembro-me do pai, homem violento e de péssimo gênio.

      —Então o senhor acredita mesmo… que Gervase Warlingham, tenha assassinado o Sr. Rosenberg só para conseguir que o primo fosse preso e condenado à forca?— perguntou Caroline cheia de ansiedade.

      —Veja bem, Caroline, não ponha palavras em minha boca— lorde Milbome protestou—, eu só disse que suspeitava de Warlingham.

      —Ora, minha filha, deixe lá de aborrecer Sua Senhoria— o Marquês interveio—, agora, por favor, vá depressa ver o que aconteceu com sua mãe que ainda não desceu.

      Obediente, Caroline deixou a sala. Como encontrou a mãe já descendo a escada, foi para seu quarto. A Marquesa se atrasara por estar supervisionando a arrumação da bagagem. De pé, junto à janela Caroline ficou olhando distraidamente para o mar, pensando no perigo que lorde Brecon estava correndo.

      Ela o salvara uma vez e sentia-se na obrigação de adverti-lo, sobre o perigo que ainda corria. Mas como fazer isso?

      Pensou em escrever-lhe uma carta. No mesmo instante refletiu que não era tão simples assim. Como explicar que estava a par de tantos detalhes sem trair a confiança que lorde Milbome depositara nela?

      Deu um profundo suspiro. Não conseguia esquecer lorde Brecon. Ele era