Блейк Пирс

Quase Ausente


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Eu adoraria – Cassie disse. O apelo do interior francês, e a promessa de cavalos, faziam o risco parecer valer ainda mais a pena. E uma família rica certamente significava melhor segurança no emprego. Talvez a última au pair não estivesse disposta a tentar.

      Maureen ajustou os óculos antes de tomar nota no formulário de Cassie.

      – Agora, devo enfatizar que nem todas as famílias são fáceis de trabalhar. Algumas são muito desafiadoras, outras são sinceramente difíceis. O sucesso do trabalho repousará nos seus ombros.

      – Farei o meu melhor para ser bem sucedida.

      – Desistir de uma atribuição antes do seu ano acabar é inaceitável. Vai incorrer em uma taxa de cancelamento substancial e você nunca mais trabalhará conosco. Os detalhes estão estipulados no contrato – Maureen bateu sua caneta na página.

      – Não posso imaginar isso acontecendo – Cassie respondeu, com determinação.

      – Bom. Então, o último ponto que temos que discutir é o prazo.

      – Sim. Em quanto tempo posso ir? – Cassie perguntou, sua ansiedade inundando outra vez enquanto ela imaginava por quanto tempo ela ainda precisaria se esquivar.

      – Geralmente leva cerca de seis semanas, mas a solicitação dessa família é muito urgente, então vamos acelerar. Se as coisas se moverem conforme o esperado, você vai voar para lá dentro de uma semana. Isso é aceitável?

      – É, é perfeito – ela gaguejou. – Por favor, eu aceito a posição. Farei o que for preciso para dar certo, e não vou te decepcionar.

      A mulher a encarou de volta longamente, como se a avaliasse uma última vez.

      – Não decepcione – ela disse.

      CAPÍTULO DOIS

      Aeroportos eram só despedidas, Cassie pensou. Partidas apressadas, o ambiente impessoal roubando as palavras que você realmente queria dizer e o tempo para dizê-las corretamente.

      Ela insistiu para que a amiga que havia dado a ela uma carona até o aeroporto apenas a deixasse lá ao invés de entrar com ela. Um abraço antes de pular para fora do carro era mais rápido e fácil. Melhor do que café caro e conversas desconfortáveis que iam secando conforme a hora da partida chegava. Afinal, ela viajaria sozinha, deixando todos que conhecia para trás. Fazia sentido começar a jornada mais cedo do que mais tarde.

      Ao empurrar o carrinho de bagagens para o terminal, sentia uma sensação de alívio pelas metas que tinha realizado até agora. Ela tinha conseguido o trabalho – a meta mais importante de todas. Tinha pagado o voo e a taxa da agência, seu visto tinha sido acelerado, e estava no check-in a tempo. Seus pertences tinham sido empacotados conforme a lista fornecida – estava grata pela mochila azul-claro com o logo da “Maureen Au Pairs” que recebera, pois não haveria espaço em sua mala para todas as suas roupas.

      De agora até quando pousasse em Paris, estava certa de que tudo correria suavemente.

      Então, ela parou, seu coração martelando, quando o viu.

      Ele estava de pé próximo à entrada do terminal, com as costas na parede e os polegares enganchados nos bolsos da jaqueta de couro que ela lhe dera. Sua altura, seu cabelo escuro e espetado, e seu maxilar agressivo o tornavam fácil de localizar enquanto sondava a multidão.

      Zane.

      Ele deve ter descoberto que ela partiria nesse horário. Ela tinha ouvido de vários amigos que ele tinha ligado, perguntando onde ela estava e checando a história da Flórida. Zane podia ser manipulador, e nem todos sabiam da situação dela. Algum inocente deve ter contado a verdade.

      Antes que ele pudesse olhar em sua direção, ela girou o carrinho, puxando o capuz de seu agasalho sobre a cabeça, escondendo seus ondulados cabelos castanho-avermelhados. Ela apressou-se para o outro lado, conduzindo o carrinho para trás de um pilar, fora da vista dele.

      O balcão de check-in da Air France estava na outra extremidade do terminal. Não havia um modo de passar por ele sem que ele a visse.

      Pense, Cassie, ela disse a si mesma. No passado, Zane havia a elogiado por sua habilidade de elaborar planos rápidos em situações complicadas. – Você tem raciocínio rápido – ele tinha dito. Aquilo havia sido no início do relacionamento deles. No fim, ele estava acusando-a amargamente de ser sorrateira e dissimulada, espertinha demais para o próprio bem.

      Hora de ser espertinha demais, então. Ela tomou uma respiração funda, esperando por ideias. Zane estava de pé perto da entrada do terminal. Por quê? Teria sido mais fácil esperar ao lado do balcão de check-in, onde ele teria certeza de detectá-la. Então, isso significava que ele não sabia com qual companhia ela voaria. De quem quer que ele tenha recebido a informação, a pessoa também não sabia, ou não tinha dito. Se ela pudesse encontrar outro caminho até o balcão, poderia ser capaz de fazer o check-in antes de ele procurá-la.

      Cassie descarregou sua bagagem, colocando a mochila pesada nos ombros e arrastando sua mala atrás de si. Havia uma escada rolante na entrada do prédio – passara por ela no caminho. Se subisse até o andar de cima, esperava encontrar outra descendo, ou um elevador, do outro lado.

      Abandonando o carrinho de bagagem, apressou-se de volta pelo caminho que tinha feito e subiu a escada rolante. A que ficava do outro lado estava quebrada, então ela desceu pelos degraus íngremes, arrastando sua mala pesada atrás de si. O balcão de check-in da Air France estava a uma curta distância, mas, para seu desânimo, já havia uma fila longa e vagarosa.

      Puxando o capuz cinza mais para frente, juntou-se à fila, pegou um livro de sua bolsa e começou a ler. Não estava absorvendo as palavras e o capuz estava a sufocando. Queria arrancá-lo, refrescar a transpiração em seu pescoço. No entanto, não podia arriscar, não quando seu cabelo brilhante se tornaria instantaneamente visível. Melhor continuar escondida.

      Mas, então, uma mão firme bateu no ombro dela.

      Ela virou-se, arquejando, e se viu encarando os olhos surpresos de uma loira alta que tinha mais ou menos a sua idade.

      – Desculpe te assustar – ela disse. – Sou Jess. Notei sua mochila e pensei que deveria falar oi.

      – Ah. Sim. Maureen Au Pairs.

      – Você está voando para uma atribuição? – Jess perguntou.

      – Estou.

      – Eu também. Quer ver se a companhia consegue assentos juntos? Podemos solicitar no check-in.

      Enquanto Jess conversava sobre o clima na França, Cassie olhou com nervosismo pelo terminal. Sabia que Zane não desistiria facilmente – não depois de ter dirigido até aqui. Ele iria querer algo dela – um pedido de desculpas, um compromisso. Ele a forçaria a ir com ele tomar um “drink de despedida” e começaria uma briga. Ele não se importaria se ela chegasse à França com novos machucados... Ou perdesse seu voo de vez.

      E, então, ela o viu. Ele vinha em sua direção, a alguns guichês de distância, sondando cada fila cuidadosamente enquanto procurava.

      Ela olhou para o outro lado rapidamente, para o caso de ele sentir seu olhar fixo. Com uma centelha de esperança, viu que elas tinham alcançado o começo da fila.

      – Senhora, você vai precisar tirar isso – a funcionária do check-in disse, apontando para o capuz de Cassie.

      Consentindo relutantemente, ela o empurrou para trás.

      – Ei, Cass! – ela ouviu Zane gritar as palavras.

      Cassie congelou, sabendo que responder significaria um desastre.

      Desajeitada e nervosa, deixou cair seu passaporte e tateou por ele, sua mochila pesada inclinando-se sobre sua cabeça.

      Outro grito, e dessa vez ela olhou para trás.

      Ele a viu e abriu caminho pela fila, cotovelando