Maisey Yates

Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém


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como um homem perdido na tempestade com a sua empregada, ninguém pôs a sua versão em dúvida.

      Uma empregada!

      Farah teve de morder a língua para não dizer nada.

      O chefe da tribo prometeu-lhes que guardaria o Raio de Lua até voltarem e, depois de engolir uma montanha de comida, o príncipe pediu-lhes um todo-o-terreno e pôs-se a caminho. Conduziu durante toda a tarde e a noite, parando apenas para fazer uma sesta. No entanto, ela dormiu durante o caminho todo.

      Quando acordou mesmo antes do amanhecer, à frente dos seus olhos erguia-se a cidade de Bakaan. Visitara-a uma ou duas vezes quando era criança, mas esquecera como era grande e povoada. Mesmo sendo tão cedo, as suas ruas estavam cheias de carros, bicicletas, bois e uma enchente de pessoas. No topo de uma colina, o palácio Shomas erguia-se com a sua beleza fascinante. Os guardas abriram as suas portas quando o príncipe se identificou.

      – O que tencionas fazer comigo? – perguntou ela, fazendo um esforço para esconder o temor que sentia.

      Ignorando-a, Zachim conduziu até às escadas de mármore da entrada. O pátio estava cheio de atividade de empregados que iam de um lado para o outro. Farah ergueu o queixo e observou-o sem se incomodar quando o príncipe pousou os seus olhos de leão nela.

      Ela esperava que a deixasse ir-se embora. Rezou para que ele quisesse esquecer o que acontecera.

      – E então? Vais dizer-me alguma coisa ou não?

      – Sim, vou dizer-te alguma coisa – acedeu, com um sorriso pintado de amargura. – Vou usar-te como isco.

      Furiosa, Farah tentou resistir quando o príncipe a arrastou pelos corredores compridos e opulentos, mas foi em vão. Os empregados que encontravam pelo caminho inclinavam-se à frente deles e não mostravam sinais de estranheza ao ver o seu senhor a puxar uma mulher pelo braço.

      O interior de palácio era ainda mais grandioso do que o exterior. Farah não pôde evitar admirar os tetos abobadados em tons azuis, verdes e dourados. O sol que entrava pelas janelas altas refletia-se no chão de mármore.

      Saindo da sua abstração momentânea, parou.

      – Não podes fazer isto.

      É óbvio, o príncipe não respondeu ao seu protesto. Embora parasse à frente de uma porta gigantesca de madeira esculpida. Ignorando a sua prisioneira, virou-se para dos dois guardas que os tinham seguido.

      – Não quero que entre nem saia ninguém, entendido?

      – Sim, Alteza – responderam os guardas em uníssono.

      – Não deixarei que me uses dessa maneira – avisou ela, enquanto a empurrava para o quarto.

      Como única resposta, Zachim deu uma gargalhada arrogante.

      – Não tens motivos para me deter.

      Então, ele virou-se e olhou para ela com um ar ameaçador.

      – Não preciso de um motivo.

      – Sim. A tua palavra é a lei, não é?

      – É verdade – confirmou ele, parando à frente para olhar para ela nos olhos. – Olho por olho e dente por dente. Não é isso que o teu pai diz?

      Infelizmente, o pai agarrava-se àquela visão cínica do mundo, sim. Mas Farah, não.

      Então, o príncipe falou com uma empregada que entrara no quarto atrás deles. Quando Farah aproveitou para olhar à volta, deu um grito abafado.

      – Oh… Isto é o harém?

      – Como adivinhaste? – replicou Zachim, num tom trocista. – Pelos querubins pintados nas paredes ou pela grande banheira de mármore no centro da sala?

      – Não vou ficar aqui.

      – Não? Tenho de admitir que a decoração é um pouco antiga, mas tenciono reformá-la em breve. Talvez gostes mais então – comentou ele, num tom insolente, arqueando uma sobrancelha.

      – Não ficarei o tempo suficiente para o ver.

      – Não tenhas assim tanta certeza – indicou ele e tapou o nariz. – Certifica-te de que toma banho! – ordenou à empregada.

      Farah estava furiosa. Se achava que ia poder tratá-la como uma marioneta, enganava-se. Não ia ficar naquele quarto horrível à espera que o pai fosse buscá-la. Se conseguisse escapar, fá-lo-ia.

      O seu silêncio devia ter delatado os seus pensamentos, porque o príncipe esboçou um sorriso malicioso.

      – Quase consigo ouvir-te a pensar. Se pensaste em tentar escapar, não te aconselho.

      Ela ergueu o queixo. Ele aproximara-se e os seus rostos estavam separados apenas por escassos centímetros. Era impossível não se aperceber de que o príncipe tinha os olhos fixos nos seus lábios. Durante um instante, pensou que ia beijá-la e ficou com falta de ar. Mas Zachim deu um passo atrás. Lentamente.

      Raivosa por ter ficado à espera, em vez de o ter afastado, Farah lançou-lhe um olhar de ódio.

      – É uma sorte que não tenha de seguir os teus conselhos.

      Em troca, recebeu um olhar frio, como se ele adivinhasse o que a fazia sentir.

      – Tenta e verás o que acontece.

      Claro que Farah ia tentar. Queria fazer isso e muito mais. Para sua frustração, a sua temperatura não parou de subir quando ele chegou à porta, se virou e a observou de cima a baixo.

      – E queima essa roupa que usa! – ordenou à empregada. – Não há sabão no mundo que possa tirar esse cheiro.

      Ao sair do quarto, Zachim interrogava-se o que ia fazer com aquela gata selvagem, pois sabia que ia dar-lhe mais problemas do que outra coisa, quando Staph correu para ele.

      – Alteza, descobri que voltou. Estávamos muito preocupados.

      Zachim fez uma careta. Precisava de tomar banho, mudar de roupa e encontrar o irmão, nessa ordem.

      – Já voltei – afirmou, dirigindo-se para os seus aposentos. – Onde está Nadir?

      – A preparar o casamento.

      O príncipe ficou petrificado.

      – O quê?

      – O casamento, Alteza. Vai casar-se com a amante, Imogen, hoje.

      Naquele mesmo dia!

      Bom, isso explicava a atividade extraordinária que encontrara no palácio.

      Esquecendo o duche, Zachim mudou de rumo para procurar o irmão. Finalmente, encontrou-o com um bebé pequeno ao colo que devia ser a filha. Ao vê-lo, ficou pensativo por um instante. Como era possível que o irmão estivesse a desfrutar de uma família, o que ele sempre quisera para si próprio, enquanto só conseguia pensar em ir para a cama com uma mulher completamente inapropriada? A ironia da situação era evidente. Tentou recordar o rosto de Amy e a mensagem recente que lhe enviara, mas a cara de Farah Hajjar era a única coisa que tinha na cabeça.

      – Onde estiveste? – repreendeu-o Nadir. – Tens de explicar muitas coisas.

      – Ah, sim? – replicou Zachim, arqueando uma sobrancelha. – Obrigado por te preocupares com salvar-me.

      O irmão franziu o sobrolho.

      – Tens um aspeto horrível. O que se passou?

      Não era o momento para entrar em detalhes, portanto, Zachim encolheu os ombros.

      – Em resumo, dir-te-ei que tive um encontro desagradável com uma das tribos rebeldes das montanhas.

      – Ena! E eu que pensava que tinhas fugido com uma mulher.

      Zachim riu-se, embora não conseguisse evitar recordar como Farah o agarrara pela cintura quando tinham percorrido o deserto a cavalo. Surpreendera-se com a força dos