Maisey Yates

Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém


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que já tinham chegado até aos cavalos. Como se tivesse sentido a sua presença, o dela aproximou-se.

      – Por Alá, é grande… – murmurou o príncipe, com um ar apreciativo.

      O animal aproximou-se da dona, procurando a sua carícia.

      – É teu?

      Pelo seu tom de voz, ela adivinhou que ia roubá-lo. Empurrou o Raio de Lua pelo focinho para o afastar.

      Ao mesmo tempo, um grito ecoou do outro lado do acampamento. Amir chamava-a.

      Os gritos aproximavam-se cada vez mais, juntamente com os passos dos homens do pai a correr pela areia. O príncipe parou de fingir que estava preso e, antes de Farah conseguir reagir, segurou-a pela cintura e levantou-a no ar. Durante uma milésima de segundo, os seus olhares encontraram-se e ela pôde perceber um brilho de indecisão no dele. Mas só durou um instante. No instante seguinte, sentou-a no Raio de Lua, saltou atrás dela para a garupa e açulou o resto dos cavalos, fazendo-os sair do recinto em que estavam.

      Num abrir e fechar de olhos, o Raio de Lua corria a todo o galope. A única coisa que Farah pôde fazer foi agarrar-se às suas crinas, enquanto o príncipe a rodeava por trás para pegar nas rédeas, guiando-os para a noite escura do deserto.

      Horas depois, molhados, sujos e cansados, pararam para deixar descansar o cavalo. Farah teria caído da sua garupa se não fosse porque Zachim a segurava com força pela cintura, colando-se contra ela com o seu peito nu.

      Há algumas horas, quando a tempestade os surpreendera, o príncipe parara por um instante, tirara a t-shirt e prendera-a à volta dos olhos e do focinho do cavalo, para o proteger da areia. Depois, cortara um pedaço da parte inferior da túnica de Farah e rasgara-o em dois, para proteger as caras de ambos.

      Magoada e com areia em cada milímetro do corpo molhado e frio, Farah levantou o olhar e viu, com alívio, que tinham parado à frente de uma gruta onde podiam proteger-se.

      O príncipe desmontou e puxou-a sem cerimónias para a conduzir, juntamente com o cavalo, para o refúgio. Era um lugar muito pequeno, mas, por sorte, não deixava entrar o vento.

      Devagar, Farah tirou o pano que lhe cobria a cara. Tentou sacudir a areia do corpo, mas estava tão molhada que era impossível. Portanto, virou-se para o Raio de Lua para lhe massajar as patas duras. Atrás dela, ouviu que o seu raptor sacudia um pouco de roupa e pensou que teria tirado a t-shirt da cabeça do cavalo. Devia ter o peito dorido, depois de ter cavalgado com a pele nua no meio da tempestade, pensou.

      – Obrigada – agradeceu ela.

      – Porquê? – perguntou ele, atrás dela, sobressaltando-a com a sua proximidade na escuridão da gruta.

      – Por protegeres o meu cavalo.

      – Se tivesse morrido, nós também morreríamos.

      Muito bem, portanto, não o fizera por compaixão, mas pelo seu próprio interesse, pensou ela. Quando ia afastar-se, ele segurou-a pela cintura.

      Furiosa por ele se atrever a tocar nela, empurrou-lhe as mãos com um grito de aviso.

      – Disse-te que não tenho mais armas.

      – Onde está o teu telemóvel?

      – Porque haveria de ter telemóvel? A nossa aldeia não tem rede – indicou ela, sem conseguir evitar sentir-se intimidada pela sua proximidade, a sua força e o seu tamanho.

      Zachim praguejou e afastou-se.

      – Praguejar não te ajudará – avisou ela, com uma gargalhada trocista. – Tu é que tens a culpa, pois o teu pai não quis gastar dinheiro em infraestruturas para o seu país, apenas para ele próprio – acrescentou e cobriu os braços com as mãos, tiritando de frio.

      Ignorando o seu sarcasmo, Zachim tirou a manta ao cavalo.

      – O que estás a fazer?

      – Precisas mais dela do que ele.

      – Vai ficar gelado.

      – Não. Tem uma camada grossa de pelo e está praticamente seco. Nós não.

      Farah não pôde reprimir outro calafrio. O vento soprava na entrada da gruta. Demasiado cansada para discutir, deixou-se cair de joelhos ao chão.

      – Estás muito perto da entrada. Anda cá.

      – Estou bem.

      – Não foi uma sugestão – sussurrou ele, tão perto que a fez tremer.

      – Estou demasiado cansada para discutir – admitiu ela. – Deixa-me em paz.

      – Como o teu pai me deixou em paz?

      Farah fechou os olhos. Não queria pensar que se encontravam naquela situação por causa da imprudência do pai.

      – Não te disse que estou demasiado cansada para…! Eh! O que estás a fazer? Deixa-me no chão!

      – Eu também estou cansado. Estou faminto e zangado, portanto, não ponhas a minha paciência à prova porque a perdi quando, há três dias, o teu pai se recusou a libertar-me. Não teve a coragem de me enfrentar cara a cara desde então.

      – O meu pai não é um covarde!

      – Não? – replicou ele, deixando-a no chão com suavidade. – Portanto, justificas as suas ações? És uma cúmplice?

      Quando Zachim se sentou ao seu lado, Farah virou-se imediatamente para se afastar, mas ele segurou-a pelo braço. Depois, rodeou-a pela cintura com o outro braço e deitou-a de lado. Ele deitou-se atrás dela, apertando-se contra as suas costas.

      – Não tenciono dormir contigo!

      O príncipe pôs a manta por cima deles.

      – Não. Vais dormir ao meu lado. Há muita diferença, habiba. E asseguro-te de que não estás convidada para fazer amor.

      Farah sentiu raiva diante da sua arrogância.

      – Mas só há uma manta – continuou ele, apertando-se ainda mais contra ela. – E, como não consegues parar de tremer, temos de partilhar o nosso calor corporal. Relaxa e tudo será mais fácil.

      «Relaxar?» Farah não teria estado mais tensa se lhe tivesse apontado uma pistola à cabeça. Há muito tempo que não estava tão perto de uma pessoa e o seu contacto estava a começar a incomodá-la.

      – Isto não está bem.

      – Mas sequestrar o teu príncipe está bem.

      – Tens de ter sempre a última palavra?

      – E tu?

      Recusando-se continuar a discussão, Farah enrolou-se, tentando pôr distância entre os dois. Era melhor fingir que ele não estava ali. Imaginaria que estava sozinha, em vez de entre os braços do pior inimigo do pai.

      Finalmente, adormeceu. Graças a Alá. Quando parara de tremer, começara a mexer-se à frente dele, tentando encontrar a posição. Zachim tivera de lhe pôr uma mão na anca para fazer com que ficasse quieta e parasse de lhe esfregar o traseiro contra a ereção dolorosa. Não quisera que ela soubesse como o excitava.

      O príncipe sabia que a sua reação só se devia a ter passado muito tempo sem estar com uma mulher. Possivelmente, a sensação de perigo aguçara os seus sentidos. Fosse o que fosse, não tencionava render-se ao desejo. Não era o tipo de homem que perdia a cabeça por alguém.

      Suspirando, tentou ficar confortável. A mulher gemeu em sonhos como um gatinho com um pesadelo. Sem dúvida, tinha razões para estar assustada, pois esperava-a uma pena da prisão de, pelo menos, vinte anos. Então, ela colou-se um pouco mais a ele, distraindo-o dos seus pensamentos. Por um instante, pensou em pôr-lhe o braço por baixo da cabeça, para que estivesse mais confortável, mas decidiu não o fazer. O que importava que a filha do seu captor estivesse confortável? Bom, era verdade que lhe dera de comer antes, mas… Bolas! Só de recordar como lhe pusera os