que desejaria que o fundo da piscina se abrisse, levando-a com ela.
– Aparentemente, não.
– Imagino que nos conhecemos.
A mulher suspirou.
– Infelizmente, sim.
– Estou a ver – murmurou Maeve. Fosse quem fosse, aquela estranha não era sua amiga, certamente. – Lamento dizer que não me lembro de si.
– Eu gostaria de dizer o mesmo, mas não é assim. Eu recordo-me demasiado bem.
– E por alguma razão, não gosta de mim. Posso perguntar-lhe porquê?
– Tu não és uma de nós e nunca serás. Nunca entenderei o que é que o meu filho viu em ti.
Aquela mulher era a sua sogra?
A indignidade do momento, ela a tentar tapar-se diante de um adversário que olhava para ela com ódio, Maeve reviveu um velho desespero.
– Importa-se de me passar uma toalha?
A mulher pegou numa toalha e atirou-a depreciativamente para a beira da piscina. Maeve, sem dizer nada, cobriu-se com ela para sair da água. Como traje não podia comparar-se com o elegante fato da sua sogra, mas era melhor do que estar nua.
– Lamento conhecê-la nestas circunstâncias mas, para evitar que volte a acontecer, talvez, no futuro, possa ter a amabilidade de não aparecer sem avisar com antecipação.
– Ou talvez no futuro – ouviram uma voz masculina – esperes que te convide para vir, mãe.
Ah, perfeito, caso o assunto não fosse já suficientemente humilhante, agora tinha de aparecer Dario.
As mulheres de carácter, lera uma vez, nunca escapavam a um desafio. Mas Maeve, a quem naquele momento não lhe importava o que faziam as mulheres de carácter, foi para a casa.
Tomando a sua mãe pelo braço, Dario levou-a para a entrada da villa, tentando conter a sua raiva.
– Estás zangado?
– Zangado é pouco, mãe. O que está a fazer aqui?
– Garanto-te que as minhas intenções eram completamente inocentes. Só passei para a cumprimentar…
– Disse-te que não viesses – interrompeu ele. – O que lhe disseste?
– Não tanto como deveria.
– Não tens o direito de lhe dizer uma única palavra. Não deves confundi-la. Depois de todas as minhas advertências, como podes fazer-me isto? Em que estavas a pensar?
– Que poderia tê-la julgado mal e, para te agradar, deveria dar-lhe outra oportunidade. Foi só isso, mas ela… estava nua na piscina, a mostrar-se sem vergonha. Podes imaginar?
Claramente. Maeve parecia uma ninfa e se ele tivesse chegado antes da sua mãe teria tirado a roupa para se meter na água com ela.
– Onde está o pecado, mãe? Esta casa é dela.
– Qualquer um poderia tê-la visto… a governanta, as criadas. E o que achas que teriam feito?
– O que tu deverias ter feito, partir e deixá-la em paz.
– Bom, como não tenho o menor interesse em voltar a ver este espectáculo, não penso incomodá-la de novo.
– Não, claro que não – Dario abriu a porta do seu carro. – Lamento muito ter de tomar medidas tão drásticas, mas enquanto a minha mulher estiver a recuperar ficas em tua casa e não vens aqui.
– Estou a ver.
– Estás mesmo? Tens algum interesse em saber o mal que lhe poderias ter causado vindo aqui? Se lhe falaste de Sebastiano…
– Não lhe disse nada sobre a criança. Mas se me desses ouvidos, Maeve partiria daqui sem saber que teve um filho…
– É precisamente por isso que não vais voltar aqui até a minha mulher recuperar a memória – interrompeu Dario.
– E tu, meu filho? Tu poderás afastar-te dela ou voltarás a deixar-te enganar pelos seus encantos uma vez mais?
A mãe dele foi-se embora e Dario abanou a cabeça. Sabia que ela tomara aquilo como um insulto, mas não tinha a menor intenção de deixar que sabotasse o seu casamento.
Maeve não respondeu quando bateu à porta do seu quarto, mas quando a encontrou sentada no terraço, com um vestido em vários tons de cor-de-rosa, parecia uma borboleta pousada sobre a cadeira.
– Bonito vestido – comentou, tentando aliviar a tensão – embora também me agradasse muito o que usavas antes.
Ela deixou escapar um suspiro.
– Lamento muito o que se passou.
– Porquê? Não foste tu que apareceste aqui sem seres convidada.
– Mesmo assim, receio ter causado má impressão. E também reforcei a má opinião que a tua mãe tem de mim. O que fiz para que me odeie tanto?
– Casaste-te comigo – suspirou Dario. – As mães italianas têm dificuldade em aceitar as mulheres dos seus filhos. Mas mudará de atitude quando te conhecer melhor.
– Talvez quando tivermos família…
Dario, que estava a tomar um gole de vinho, engasgou-se.
– Possivelmente – conseguiu dizer, – mas haverá tempo para te preocupares com isso quando estiveres bem.
– Sim, imagino que sim – Maeve mordeu os lábios. – Estive a pensar muito desde ontem à noite.
– Sobre o quê?
– Ontem disseste que gerias o sector da tua empresa na América do Norte. Isso inclui o Canadá?
– Sim, claro. Porquê?
– Alguma vez estiveste em Vancouver? Foi lá que nos conhecemos?
– Estive em Vancouver, mas não nos conhecemos lá.
– Então onde foi?
Dario hesitou. Menos de dez minutos na sua companhia e já estava de novo a atravessar um campo de minas.
– Tu estavas de férias em Itália.
– Sozinha?
– Não, com uma amiga.
– Em que zona da Itália?
– Em Portofino.
– Tu também estavas de férias?
– Poderia dizer-se que sim. Tenho um iate em Portofino e ia lá com frequência com os meus amigos.
– Antes de te casares comigo?
– Claro.
– E conhecemo-nos no teu iate? O que estava eu a fazer ali?
– Não, conhecemo-nos no casino – Dario sorriu ao ver a sua cara de surpresa. – Na mesa da roleta.
– O quê? Mas eu nunca gostei de jogar.
Também não gostava naquela noite, pensou Dario. Por isso pudera afastá-la da mesa e convidá-la para tomar um copo de champanhe. Nessa altura ele era um mulherengo e parecera-lhe divertido passar a noite com uma rapariga tão bonita. O que não esperara era ficar preso a ela para o resto da vida.
Capítulo 5
Ela chamara imediatamente a atenção dele. Com um leve vestido preto e um discreto colar de pérolas, aquela loira movia-se com a elegância e a dignidade de uma duquesa. Mas o que capturara o seu interesse não fora o seu estilo, mas a indiferença que viu nos seus olhos azuis quando o descobriu a olhar para ela.
Dario não estava habituado a ser ignorado pelo sexo oposto,