de verdes olhos.
Sirvo de giolhos,
E vós não me credes,
Porque me não vêdes.
Havião de ser,
Porque possa vê-los,
Que huns olhos tão bellos
Não se hão d'esconder:
Mas fazeis-me crer,
Que ja não são verdes,
Porque me não vêdes.
Verdes não o são,
No que alcanço delles;
Verdes são aquelles
Qu'esperança dão.
Se na condição
Está serem verdes,
Porque me não vedes?
Trocae o cuidado,
Senhora, comigo;
Vereis o perigo,
Qu'he ser desamado.
Se trocar desejo
O amor entre nós,
He para qu'em vós
Vejais o que vejo.
E sendo trocado
Este amor comigo,
Ser-vos-ha castigo
Terdes meu cuidado.
Tendes o sentido
D'Amor livre e isento,
E cuidais qu'he vento
Ser tão mal querido.
Não seja o cuidado
Tão vosso inimigo,
Que queira o perigo
De ser desamado.
Mas nunca foi tal
Este meu querer,
Que a quem tanto quer,
Queira tanto mal
Seja eu maltratado,
E nunca o castigo
Vos mostre o perigo,
Qu'he ser desamado.
Ver, e mais guardar
De ver outro dia,
Quem o acabaria?
Da lindeza vossa,
Dama, quem a vê,
Impossivel he
Que guardar-se possa.
Se faz tanta mossa
Ver-vos hum só dia,
Quem se guardaria?
Melhor deve ser
Neste aventurar
Ver, e não guardar,
Que guardar e ver.
Ver e defender,
Muito bom sería,
Mas quem poderia?
Irme quiero, madre,
Á aquella galera,
Con el marinero,
Á ser marinera.
Madre, si me fuere,
Do quiera que vó,
No lo quiero yo,
Que el Amor lo quiere.
Aquel niño fiero,
Hace que me mueva
Por un marinero
Á ser marinera.
El que todo puede,
Madre, no podrá,
Pues el alma vá,
Que el cuerpo se quede.
Con él por que muero
Voy, porque no muera;
Que si es marinero,
Seré marinera.
Es tirana ley
Del niño Señor,
Que por un amor
Se deseche un Rey.
Pues desta manera
Quiero irme, quiero
Por un marinero
Á ser marinera.
Decid, ondas, cuando
Vistes vos doncella,
Siendo tierna y bella,
Andar navegando?
Mas qué no se espera
Daquel niño fiero?
Vea yo quien quiero,
Sea marinera.
Saudade minha,
Quando vos veria?
Este tempo vão,
Esta vida escassa,
Para todos passa,
Só para mi não.
Os dias se vão
Sem ver este dia,
Quando vos veria.
Vêde esta mudança
Se está bem perdida,
Em tão curta vida
Tão longa esperança.
Se este bem se alcança,
Tudo soffreria,
Quando vos veria.
Saudosa dor,
Eu bem vos entendo;
Mas não me defendo,
Porque offendo Amor.
Se fôsseis maior,
Em maior valia
Vos estimaria.
Minha saudade,
Charo penhor meu,
A quem direi eu
Tamanha verdade?
Na minha vontade
De noite e de dia
Sempre vos teria.
Vida da minha alma,
Não vos posso ver:
Isto não he vida
Para se soffrer.
Quando vos eu via,
Esse bem lograva,
A vida estimava,
Pois então vivia;
Porque vos servia
Só para vos ver.
Ja que vos não vejo
Para qu'he viver?
Vivo sem razão,
Porqu'em minha dor
Não a poz Amor;
Que inimigos são.
Mui grande traição
Me obriga a